9.4.07

os Mata-frades



Do alto do seu pedestal, olhando o rio e contemplando a sua obra, o Marquês como que o vigia pelo canto do olho direito, como um pai vigia discretamente um seu filho dilecto.
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Do centro de Lisboa, e da Praça Marquês de Pombal, irradia uma avenida na direcção oeste , inicialmente íngreme, depois plana, que leva o viajante, primeiro ao Centro Comercial das Amoreiras, depois o encaminha para o Estoril e para Cascais. Tem o nome de Joaquim António de Aguiar.###
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Formado em Direito pela Universidade de Coimbra, numa altura em que nos seus claustros ainda se sentia o hálito do Marquês, mais tarde professor de Direito na mesma Universidade, ele iria ser por três vezes primeiro-ministro de Portugal. Antes, porém, foi ministro da justiça. E foi nessa qualidade que, a 30 de Maio de 1834, aprovou uma lei onde mandava extinguir "todos os conventos, mosteiros, colégios, hospícios, e quaisquer outras casas das ordens religiosas regulares", confiscando os seus bens e fazendo-os reverter para o Estado.
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A este filho do Marquês, a população não lhe perdoou e pôs-lhe a alcunha de Mata-frades.
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Quando faleceu em 1884, nem ele nem ninguém poderia imaginar que a história estava destinada a reservar-lhe um sucessor. Quase com a força de uma lei natural, o político que, pela segunda vez na sua história, a população portuguesa iria chamar de Mata-frades era então um jovem adolescente de 13 anos e cujo trajecto académico iria, em breve, seguir rigorosamente as pisadas do seu antecessor - estudar Direito na Universidade de Coimbra e, depois, tornar-se professor de Direito na mesma Universidade.
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Afonso Costa foi o político da Primeira República mais militantemente anti-clerical e, provavelmente, o mais intolerante de todos os políticos de relevo desse período - e não apenas em matéria religiosa. Em Agosto de 1911 anuncia a criação do Partido Republicano Português, considerando-o como o partido único da República. Tal como o seu antecessor no título popular, e como se houvesse leis na história, ele vai ser por três vezes primeiro-ministro de Portugal. Porém, mesmo assim, nunca conseguiu realizar o seu propósito de acabar com a religião no país no espaço de duas gerações.
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Os Mata-frades que Portugal conheceu na sua história recente não foram apenas licenciados em Direito. Eles foram professores de Direito.