Ele foi um grande poeta - há quem o compare a Camões. Ele tinha também uma grande paixão pelas ideias e, neste particular, eu tenho admiração por ele.
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Porém, ele transformava as ideias em causas ao ponto do fanatismo e da intolerância. Era o intelectual típico do seu tempo, jacobino, exaltado ao limite da violência, socialista, pronto a reformar o país e o mundo de alto à baixo confiante nos poderes da sua razão, e à revelia de toda a experiência.
Mais tarde, reconheceu que "(q)ueria reformar tudo, eu que nem sequer estava ainda a meio caminho da formação de mim mesmo." ###
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Ele foi, por excelência, um filho do Marquês. Claro, era formado em Direito pela Universidade de Coimbra. Para além da poesia, só poderia ter uma outra grande paixão na vida - a política.
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Infelizmente, no campo das ideias políticas e das causas que abraçou com maior ardor - o anti-clericalismo e o socialismo -, em ambas a história viria a provar que estava do lado errado.
Talvez, em parte, por isso, pôs fim à própria vida com um tiro no único sítio que poderia ser.
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Educado por uma mãe fervorosamente católica, produziu talvez o mais exaltado panfleto de que há memória responsabilizando a Igreja e o clero pela decadência da Nação a partir do século XVI e, neste aspecto, ele não poderia ser mais igual ao seu pai espiritual - o Marquês.
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Abraçou o socialismo com um fervor de tal modo religioso que foi viver alguns meses para Paris, para trabalhar no meio dos operários - mas só alguns meses, como é próprios dos intelectuais. Veio de lá muito desiludido, porque os operários parisienses não sabiam nada, nem queriam saber das grandes ideias que, segundo ele, estavam a tranformar o mundo para melhor.
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Teve uma última causa, já depois de, por virtude de uma polémica literária, ter travado um duelo com Ramalho Ortigão - a Pátria. A seguir ao Ultimato Inglês, dispôs-se a lutar pela resistência na chamada "Liga Patriótica do Norte". Nessa altura, veio ao de cima aquele aspecto peculiar da sua personalidade, a de homem de causas fracturantes e dramáticas: "Quero sacrificar a vida ... por uma grande causa."
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Como é normal em Portugal, os membros da Liga acabaram por se desentender e ela nunca chegou a ver a luz do dia. Acabou por morrer no ano seguinte por aquela causa que ele, nos momentos mais profundos de depressão, provavelmente considerava a menor causa de todas - ele próprio.