14.6.07

Intenções e estratégias

Diz o Rui Tavares, hoje no Público, que não comenta o estudo que recomenda a localização de Alcochete para o novo aeroporto enquanto não forem conhecidos os financiadores do dito estudo. Eu percebo e concordo que numa sociedade aberta, é desejável e deveria ser o normal conhecer os autores e respectivos interesses de quem propõe determinada solução à sociedade. Mas pode nem sempre ser assim:.
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Admito que possa existir uma razão justificativa para a dilação dessa publicitação: imagine-se um conjunto de empresários, cuja rede de interesses e participações empresariais, qualquer que seja a localização de um novo aeroporto, sempre terão os seus interesses, de uma maneira ou outra afectados. Se, por exemplo, tiverem ligações à construção civil, turismo, banca, transportes, etc. Imagine-se que não se entendem sobre qual a melhor solução, uma vez que entre eles os interesses poderão até ser contraditórios. Seja por puro interesse cívico (evitar uma solução que parece asneira grossa), ou para dirrimir conflitualidades internas, esses empresários bem podem ter encomendado um estudo a uma entidade independente (no caso, liderada pela Universidade de Aveiro), com carta branca, isto é, sem aprioris, por forma a se determinar tecnicamente a melhor solução. Ora, na expectativa que tal estudo viesse a ter um impacto político, como teve, o que implicará como que uma segunda validação (ou não), da solução proposta, parece-me que manter o «anonimato de interesses» poderá ser uma estratégia compreensível, por forma a não inquinar desde já a sua hipotética validade e méritos . O que evidentemente sempre aconteceria se fosse conhecido desde já que, pelos menos um dos 30, sairia directa ou indirectamente beneficiado. Desta forma, deixando que outros técnicos validem ou não a solução, não se desvirtua a discussão.
Evidentemente, seja qual for o resultado final e respectivas consequências entendo que nessa altura terá de ser revelado quem financiou o estudo, por forma a que os interesses possam ser devidamente escrutinados.
Claro, esta situação poderia ter sido evitada, se, os governos recentes, tivessem feito algum estudo sobre possíveis localizações e não limitarem-se a basear as suas decisões em estudos que para este efeito foram realizados pela ultima vez, faz agora 25 anos.