6.9.07

Transgénicos e as Vacas Loucas

Uma das piores formas de analisar o risco é usar o facto de algo ter acontecido para estimar um risco elevado para esse acontecimento. O caso das Vacas Loucas é um bom exemplo. Tem sido usado pelos críticos dos transgénicos para demonstrar os seus riscos. Mas se queremos comparar o risco das Vacas Loucas com o risco dos transgénicos não podemos avaliar risco das Vacas Loucas depois dos casos de Vacas Loucas terem ocorrido mas antes de eles terem ocorrido e com a informação existente na época.
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Ao que tudo indica, os casos de Vacas Loucas deveram-se à inclusão de restos de animais na matéria prima usada para fazer rações. Se voltarmos aos anos 70, este é um potencial problema entre muitos. Os decisores teriam que avaliar o risco com base na informação disponível à época. Teriam que olhar para os milhares de cenários existentes à época e detectar os mais arriscados. Se agruparmos os cenários por nível potencial de risco usando a informação existente nos anos 70, o risco das rações feitas com restos ficará agrupada com milhares de outros cenários que hoje consideramos que não têm risco nenhum. Isto implica que, nos anos 70 não existiam razões para se ser conservador em relação às rações produzidas com restos e não o ser em relação a milhares de outras actividades. Uma estratégia racional de risco que proibisse as rações com restos teria que proibir milhares de outras práticas.

Por outro lado, é necessário considerar que para além do risco de se introduzir uma tecnologia no mercado existe também o risco de não a introduzir. Aqueles que são conservadores em relação ao risco tendem a ignorar este segundo risco.

Nota: Hoje em dia a principal alternativa às rações feitas com restos de animais é a soja geneticamente modificada.