Soube-se que Paulo Portas digitalizou 62 mil páginas de documentos. Portas diz que são documentos pessoais, mas suspeita-se que os documentos eram confidenciais. Como interpretar as informações que vieram a público? Note-se que há poucas informações similares que possam servir como termo de comparação. Não são conhecidos casos semelhantes de políticos que tenham procedido à digitalização de documentos, públicos ou privados.
No caso de os documentos em causa serem confidenciais, há portanto duas hipóteses a considerar:
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1. Este caso é um exemplar único de um acontecimento raro.
2. Este caso é o único caso conhecido de uma colecção de casos semelhantes muito grande.
Note-se que 1 e 2 têm implicações completamente diferentes. Se 1 é verdadeiro então Paulo Portas é o único político com gosto e interesse na recolha de informações sensíveis. Isto faria dele um político perigoso. Se, no entanto, se aplicar 2, então Paulo Portas limitou-se a jogar o jogo que os seus adversários já jogam há muito tempo. Paulo Portas seria então um político cuja perigosidade estaria limitada pela perigosidade dos seus adversários.
Como distinguir 1 de 2? Quem acredita em 1 acredita que só há 1 político com gosto e interesse na recolha de informações sensíveis e que esse ainda por cima não consegue esconder um segredo. Quem acredita em 2 acredita que são muitos os políticos com gosto e interesse na recolha de informações sensíveis e que de entre esses há um que é incompetente.