7.3.07

Mateus 22: 21

Diz o bom senso, e prova-nos a experiência histórica, sem excepção, que sempre que duas das formas em que a vida societária se pode estruturar (a religiosa e a política), pretenderam apoiar-se, fundamentar-se, aliar-se ou interferir uma na outra, foi caminho certo para a tirania e o desastre.

Ao longo dos tempos, sempre houve tentativas, mais ou menos estruturadas, de enaltecer e retirar de uma qualquer religião fundamentos ou modelos para uma sociedade política.

Tal tanto partiu da iniciativa de alguns crentes, como por parte de actores ou pensadores políticos. Invariavelmente, tais projectos tiveram duas consequências e em simultâneo: Por um lado, a sociedade política ficava refém de fundamentos filosófico/teológicos, de práticas e interpretações, de actores e de poderes externos estranhos á sua essência e natureza. Com evidentes consequências negativas ao nível da sua natural autonomia, liberdade e desenvolvimento. Ao se basearem em conceitos estranhos á sua natureza política, as sociedades politicas tenderão naturalmente a tornarem-se opressivas para quem não comungar desses valores/crenças, impedirão a evolução do pensamento e de práticas fora dos dogmas, tradições e interpretações de cariz religioso. Evidentemente, essas mesmas interpretações assumiriam um carácter politico, ainda originalmente involuntária, sem que pudesse ocorrer o respectivo escrutínio de intenções, da sua fundamentação ou tão só da sua simples conveniência.

Por outro lado, também a comunidade religiosa se veria constrangida a perder a sua liberdade, por ter de considerar realidades, consequências e formas de estar e actuar estranhas ao seu objecto essencial, tornando-se refém de tal espúria «aliança», com evidente prejuízo, deturpação, minorização e desvirtuamento da sua base, essência, fim e mensagem religiosa.