26.3.07

O catolicismo é apenas uma religião

Pedro Arroja tem vindo a explicar porque é que um sistema político baseado nos princípios do catolicismo seria um fracasso. É que tal sistema teria que se basear num sistema centralizado dirigido por uma autoridade iluminada que, caso fosse contestada com argumentos racionais, perderia toda a aura mágica que a sustenta. Ora, dado que o telégrafo, o telefone, o telemóvel, a televisão, a rádio e a internet não podem ser desinventadas, não se consegue perceber como é que tal autoridade poderia sobreviver ao simples facto de ser tão falível como qualquer outro mortal. Nada disto é preocupante se tivermos em conta que o catolicismo é uma religião e não uma teoria política. Já a ideia de que os povos católicos têm que viver sob instituições políticas centralizadas inspiradas no catolicismo parece ignorar todos os argumentos contra o centralismo independentes das peculiaridades culturais. Sejam quais forem as peculiaridades culturais de um povo, isto é sempre válido. As limitações da cultura católica não são ultrapassáveis pela mera adequação das instituições à cultura do povo. A cultura católica, quando transposta para a política, é incompatível com sociedades modernas e desenvolvidas porque estas sociedades requerem grande autonomia individual e elevados níveis de descentralização.