24.11.07

Raptos

«Cabinda - José Fernando Lello, correspondente da radio Voz da América (VOA) em Cabinda foi «raptado por indivíduos fardados e fortemente armados, pertencentes às Forças Armadas de Angola (FAA)» esta quinta-feira, 15 de Novembro, denunciou o activista cívico, Raul Danda.»###



Autoridades angolanas implicadas
Cabinda: «Raptado» o correspondente da Voz da América
2007-11-20 11:29:28
Cabinda - José Fernando Lello, correspondente da radio Voz da América (VOA) em Cabinda foi «raptado por indivíduos fardados e fortemente armados, pertencentes às Forças Armadas de Angola (FAA)» esta quinta-feira, 15 de Novembro, denunciou o activista cívico, Raul Danda.

«Na quinta-feira, 15 de Novembro de 2007, José Fernando Lello, correspondente da Voz da América em Cabinda e colaborador da empresa Algoa, empreiteira subcontratada pela Chevron, no Malongo, foi raptado por indivíduos fardados e fortemente armados, pertencentes às FAA, entre os quais estaria o Comandante da Força Aérea destacado na Planície do Malembo e um oficial afecto ao Tribunal Militar de Cabinda» denunciou Raul Danda.

Segundo o activista cívico os raptores chegaram de manhã ao «Gate I», portão de entrada n/o 1 do campo petrolífero do Malongo, transportados por duas viaturas, uma das quais de marca Toyota Land Cruiser, da unidade da Polícia Militar, «para levarem a cabo a sua missão contaram com a colaboração dos efectivos da Tele-Service, segurança privada encarregue da protecção do campo».

Por volta das 10 horas, Fernando Lello, que pretendia deslocar-se à cidade de Tchiowa, capital de Cabinda, em companhia de um colega de serviço, apenas identificado por Kazy, foi interpelado por uma agente da Tele-Service, que pediu insistentemente que Lello não saísse do perímetro do Campo sem antes conversar com os «visitantes» que, entretanto, tinham ocupado o gabinete operacional da Tele-Service. «Enquanto Kazy esperava, Fernando Lello foi conduzido ao referido gabinete onde o azar o esperava. Depois daí, ninguém mais veria nem ouviria o jornalista, levado à força para destino desconhecido» afirmou Raul Danda.

«Os raptores ainda chamaram o Supervisor directo de Lello, o cidadão português Victor Ramos, a quem quase ordenaram que despedisse a sua vítima, tendo-lhe, em seguida, entregue as chaves do seu carro pessoal. Em seguida, o jornalista foi conduzido para fora do Malongo e transportado sorrateiramente para Luanda, tendo sido imediatamente conduzido à Cadeia do São Paulo. A família, em Cabinda, passou grandes momentos de tormento, pois a informação relativa à localização do Lello só foi obtida na sexta-feira, já no final do dia».

Contactado por alguns familiares, o supervisor Victor Ramos, teria dito que os militares mostraram-lhe um «mandado de captura» contra Fernando Lello, uma informação que, até ao momento, não pôde ser verificada.

Fontes que contactaram Fernando Lello na cadeia onde está detido, disseram que ele é acusado de ser «promotor» de uma suposta rebelião em Cabinda.

Segundo Raul Danda a situação das liberdades individuais em Cabinda «deteriorou-se consideravelmente, após a assinatura do dito Memorando de Entendimento entre Bento Bembe e o Governo Angolano, multiplicando-se os casos de prisões arbitrárias e os actos de intimidação e de espancamento dos cidadãos de Cabinda».

Em Setembro de 2007, o relatório da Amnistia Internacional (AI) denunciava que em Maio de 2006, agentes da polícia prenderam e detiveram brevemente Fernando Lello, quando este tirou fotos de agentes da polícia a espancar membros de uma congregação católica que assistiam a uma missa de reconciliação especial na catedral da cidade de Cabinda.

Segundo a AI Fernando Lello foi conduzido à Direcção Provincial de Investigação Criminal (DPIC), onde a sua câmara e gravador foram confiscados «e ele foi alegadamente espancado». Cerca das 15h30, seis horas após a sua prisão, Fernando Lello foi libertado sem culpa formada. Embora ele recebesse, mais tarde, o seu gravador, a câmara não lhe foi devolvida pela DPIC, não obstante inúmeros pedidos.

Fernando Lello informou a Amnistia Internacional de que, no dia 28 de Setembro de 2006, no seguimento de queixas dele, por escrito, ao Ministério do Interior, o ministério enviou uma delegação de inspectores da Polícia Nacional de Luanda a Cabinda, a fim de investigarem o seu caso. Segundo Fernando Lello declarou à AI, a delegação afirmou que a sua detenção tinha sido ilegal e uma violação dos seus direitos. Contudo, apesar desta afirmação, não houve aparentemente qualquer processo disciplinar contra qualquer agente da polícia e não foi oferecida qualquer compensação a Fernando Lello.