20.11.07

Ecos da direita caturra

João Mattos e Silva escreveu um ataque a Miguel Sousa Tavares e a Fernanda Câncio.
Entre muitas outras perfídias, imputa-lhes "ignorância" e "preconceito" em relação aos últimos anos da monarquia. Designadamente, diz que Fernanda Câncio «... acusou a monarquia de ser, em 1910, absolutista e de haver falta de liberdade, entre outras coisas igualmente risíveis...» que tenta desmentir.
Vamos lá ver - Matttos e Silva cita alguns factos. Mas não todos. E esquece alguns bastante elucidativos. Curiosamente, no acervo histórico de café que desfila, não faz uma só referência a João Franco. Nem à expulsão dos deputados republicanos do Parlamento de que este foi autor (20 de Novembro de 1906) nem ao regime ditatorial que impôs a partir de 2 de Maio de 1907 nem às prisões em massa e intenções de envio para o degredo dos que com ele não concordavam.
Mattttos e Silva parece desconhecer que até os monárquicos daquele tempo responsabilizaram o estilo de João Franco de 'governação à turca' (como era chamado) pelo regicídio de 1908 - por isso, apenas 3 dias depois, em 4 de Fevereiro, é demitido e substituído por um 'governo de acalmação'. Que já não conseguiu acalmar coisa nenhuma, claro, porque João Franco tinha feito por isso.
Matttttos e Silva é excessivamente lesto a culpar os demais de ignorância - daí que o seu texto só permite presumir uma de duas: ou acusa os outros dos seus próprios atributos ou, pura e simplesmente, omitiu os factos históricos que não lhe eram convenientes. Também se chamam nomes a pessoas assim. E nada bonitos.