22.2.05

A sucessão no PSD

Os candidatos para já conhecidos à sucessão de Santana são "mais do mesmo", é gente gerada no aparelho, que só sabe falar para dentro e que nunca serão nada nem ninguém fora do partido. Nota-se alguma preocupação na "angariação de apoios", cujo objectivo é ocupar o espaço e limitar o aparecimento de outras candidaturas. O suposto apoio de JPP a Marques Mendes hoje noticiado no Público e já desmentido por aquele, insere-se nesse âmbito e cheira nitidamente a notícia encomendada.

Eu tenho um critério na avaliação da credibilidade de um candidato: ela será tanto maior quanto mais ele tiver singrado por si só na vida profissional e na sociedade civil e não necessite da política para sobreviver. Só uma pessoa nessa situação poderá, amanhã no Governo, implementar as medidas adequadas sem medo de perder a próxima eleição.

José Pedro Aguiar-Branco enquadra-se neste perfil. Tem prestígio junto da sociedade civil, não precisa nem nunca precisou do partido, conhece-o bem por dentro e tem a humildade suficiente para arregaçar as mangas e lutar numa campanha interna, algo que não acontece com a maioria dos "notáveis" mais mediatizados, sempre na expectativa para se "colarem" àquele que melhor julguem poder influenciar. Rui Rio também reúne todos aqueles requisitos, mas não é deputado, é muito cioso do cumprimento dos mandatos e tem um a cumprir e porventura a renovar.

Irão felizmente aparecer mais candidatos, o que é saudável, e espero que um deles seja Aguiar-Branco ou Rui Rio. O pior que poderia agora acontecer ao PSD seria a existência de um candidato unanimista, que mais não representaria que o papel de guardião da paz podre.

Importante seria também que o futuro Presidente do PSD passasse a ser eleito directamente por todos os militantes, como JPP já propôs. Não só pela maior democraticidade e debate interno que implicaria, mas também porque a representatividade dos delegados ao Congresso está hoje pervertida pelos sindicatos de voto que as diferentes corporações internas sempre constituem e que, fatalmente, beneficiará os candidatos que falem "aparelhês".