os defensores da escola pública dizem que o meio socioeconómico influencia mais os resultados que a qualidade da escola. Reconhecem, em última análise, que, ao contrário do que diz a utopia, a escola pública está muito longe de anular os efeitos do meio socioeconómico.
Pedro Sales, em vez de demonstrar que eu estou errado concorda comigo, mas depois desata a tentar demonstrar que as escolas privadas também não anulam os efeitos do meio socioeconómico.
Esta reacção de Pedro Sales é interessante. Lembro que o Estado cobra impostos sob o pretexto de que são necessárias escolas públicas para anular os efeitos do meio socioeconómico. Isto é, para compensar os mais pobres. Quando se descobre que as escolas públicas de zonas pobres são as que estão pior classificadas nos Rankings, Pedro Sales desata a falar das escolas escolas privadas. Mas as escolas privadas existem porque os seus clientes gostam delas. Não existem sob pretexto de que vão anular os efeitos do meio socioeconomico. As escolas privadas não são uma questão pública. As escolas públicas é que são. As escolas públicas é que têm de ser avaliadas pela capacidade de atingirem os objectivos para os quais foram criadas. As escolas públicas é que têm que justificar o dinheiro que lhes pagamos. Uma escola privada que não vence os efeitos do meio socioeconómico é um facto da vida. Uma escola pública que que não vence os efeitos do meio socioeconómico é uma prova da inutilidade da escola pública.
Lembro que a escola pública existe à custa de limitação da liberdade de escolha dos pais. Os pais são forçados a pagar impostos para a escola pública vendo reduzida a sua liberdade de escolher uma escola não pública. Um custo que nos têm dito que é para bem de todos e para dar uma oportunidade aos mais pobres. O mínimo que se devia exigir à escola pública é que cumprisse o que promete: a anulação dos efeitos do meio socioeconómico. É por isso que o meio socioeconómico é uma péssima desculpa por parte dos defensores da escola pública.