Quanto à questão da coligação: sempre me fez confusão os partidos traçarem interpretações da "vontade geral" do povo. O somatório dos votos, ao contrário daquilo que os nossos políticos gostam de fazer crer, não formam uma "vontade geral". Ao contrário do que disse o senhor Portas há dois anos, o facto de o PSD não ter tido maioria absoluta não significou que "os portugueses" queriam o CDS no governo, em coligação com o PSD. Significou que uma maioria das pessoas queria o PSD no governo, mas que essa maioria não foi suficiente para formar governo sozinho. Tal como hoje os resultados apenas significam que uma maioria das (poucas) pessoas que votaram preferiram votar no PS. O somatório dos votos individuais numas eleições é apenas isso, o somatório dos votos individuais, e não a expressão de uma "vontade geral". A "vontade geral", por muito que isso custe aos nossos políticos nas noites eleitorais, não existe. Se o governo eleito não tiver uma maioria absoluta, isso não significa que "os portugueses" queiram um governo desse partido, mas sem maioria absoluta. Apenas significa que não houve um número suficente de portugueses que tenha escolhido esse partido. Numa democracia, a escolha e a formação de um governo não se fazem a partir de uma vontade geral. Numa democracia, uma minoria sujeita-se à escolha de uma maioria. E ao fim de quatro anos, as pessoas podem escolher outra vez. E aí, aqueles que forem escolhidos pela maioria governam, e os que forma escolhidos pela minoria ficam na oposição.
Leiam o resto do post do Bruno que também vale a pena.