Eu sei que ainda estamos na ressaca da ressurreição da nossa selecção!
A hora ainda é de festejos (merecidos) e de esperança futebolística. Ainda não vamos tirar as bandeiras de Portugal das nossas janelas, das varandas e dos automóveis. Vamos ainda esperar com uma espécie de calma ansiedade - só possível porque a esperança continua, agora, mais fundamentadamente, de pé - os quartos de final do luso Euro 2004.
No entanto, não pude deixar de reparar nos textos que o nosso amigo e companheiro de discussões Dragão publicou no seu Dragoscópio.
Muito frontal e legitimamente afirma que " não gosta de Americanos". Está no seu direito. Invoca Céline e ilustra a sua antipatia com alguns supostos ícons da sociedade de consumo (que não sendo seguramente a do Dragão, também é, no entanto, a nossa). Registei, sem deixar de pensar que - infelizmente para mim que não consigo ter antipatias tão firmes e lineares como as do Dragão - é-me sempre difícil lidar com generalizações como aquelas agora elegidas no Dragoscópio (até mesmo com Benfiquistas...)!
Mas, a propósito da antipatia (v.g., A Coltura da América) do nosso amigo Dragão, lembrei-me daquele delicioso diálogo do João da Ega que, recém chegado de Inglaterra, é questionado por alguém sobre a vida cultural dos Ingleses - um povo que só sabe de comércio... E, finalmente, quando esse alguém lhe pergunta/afirma que "os Ingleses não têm poetas, pois não?", o João da Ega, estupefacto e encolhendo os ombros, responde, desistindo de conversar, "pois não, pois não"...