18.2.05

MAIORIA ABSOLUTA

Ao contrário do que aí se apregoa, uma maioria absoluta não oferece qualquer garantia de que o governo que a detém a venha a utilizar para fazer as reformas necessárias ao país. Se assim fosse, o governo PSD/CDS tê-las-ia feito e agora, provavelmente, o juízo dos portugueses sobre a sua actuação talvez fosse outro.
Mas o que é quase certo é que ela representa uma permanência no poder garantida por quatro anos, durante os quais o partido do governo pode dispor de forma quase discricionária do país. Por isso, para a merecerem, os partidos devem em período eleitoral dizer exactamente o que pretendem fazer com ela e com quem. Não se pode pedir um poder que é, embora democrático, absoluto, sem se oferecerem garantias sobre o modo da sua utilização, ou para castigar o partido do governo anterior. De contrário, trata-se de um acto de fé numa pessoa. O que, se correr mal, poderá ter consequências muito difíceis de reparar.