15.2.05

Sobre tolerância

Ontem escrevi um post designado Liberdade, Pluralismo e Silêncio.

A ideia principal que queria transmitir era que numa sociedade verdadeiramente pluralista, existem momentos em que se exige tolerância, entendida como a capacidade de aceitar o outro na diferença, respeitando o seu sofrimento.

Para muitos portugueses, Fátima representa - bem ou mal - uma mensagem de esperança, um porto de abrigo nos momentos difíceis. A morte da irmã Lúcia é um momento de tristeza para a Igreja e de sofrimento particular para os devotos da Virgem.

Diz o elementar bom-senso que este deveria ser um momento de silêncio. Passaria pela cabeça de alguém ir para a porta de um funeral acusar o morto de ladroagem, mesmo sendo isso uma enorme verdade? Então como se pode discutir, neste momento particular, e em nome de um pretenso Pluralismo, a essência de Fátima, se ela é "salazarenta", ou se a sua mensagem é "xiita"?

A essência de Fátima, da religião, do que queiram, pode e deve ser discutida, mas no momento próprio, que não será este.

Estranhamente, surgiram grandes críticas de vários quadrantes, aqui e noutros blogues, como o BdE.

No dia em que Fidel Castro, Mário Soares, Álvaro Cunhal e seus semelhantes falecerem, o que pouco faltará, dado que todos eles têm idade avançada, não irei aproveitar a imediata ocasião para criticar o seus percursos, arremesando aos outros um pretenso Pluralismo e a minha suposta Liberdade de Expressão. Não irei defender o direito à palavra solta, com argumentos de que "o meu silêncio é cúmplice". Não lhes prestarei homenagem. Mas deixarei em paz quem o queira fazer.