9.2.05

ÉTICA JORNALISTA (ou a desobrigação geral de quem se julga para além do bem e do mal)

- Alguns jornalistas, na sua condição de iluminados sobre quem se derramaram as certezas aportadas das "fontes" e vindas da infusão divina, publicaram ontem uma notícia em que sugerem que Cavaco Silva deseja uma maioria absoluta do PS e "quase" que apoia Sócrates.
- O visado desmente, faz saber que não falou com ninguém sobre o tema e que nada dirá até às eleições.
- Hoje, os jornalistas não explicam como obtveram aquela informação. Não se justificam, nem sequer dão a entender a existência dessa necessidade, pois, como se sabe, "eles" estão muito acima dessas precisões dos comuns dos mortais sobretudo se estes forem políticos.
- Em contraste absoluto, a "classe", ontem e hoje, brada em coro contra o facto de Cavaco Silva não se justificar publicamente e em pessoa acerca da mentira que os próprios jornalistas imaginaram e difundiram - acabei de ouvir um comentador encartado (Raúl Vaz, Antena 1) garantir que Cavaco Silva ao «não se explicar» está a fazer «baixa política»... (??!!)
- Ou seja: os jornalistas mentem e criam um facto; apesar de ter sido imediatamente desmentido, "eles" querem um julgamento de preferência com sentença publicada antecipadamente, pretendem fazer render a "sua" caxa até à exaustão; como a vítima do embuste se recusa a fazer o jogo que "eles", os inventores, gostariam de jogar, então é «baixa política», é «cobardia» (cito o mesmo iluminado), Cavaco revela que «não percebe» as componentes da política real dos nossos dias (poderia continuar a citar os vários disparates que li e ouvi).
-Moral da historia: esta história não tem moral nenhuma. E, pelos vistos, a tal "classe" também não.