9.11.06

O Decisor

«Dito isto, pergunto-lhe, caro João: acha ou não que seria benéfico para o interesse das empresas (a sua produtividade, logo a sua rentabilidade) terem creches para os filhos dos seus funcionários? Não seria? Não sabe? Não quer dizer?

Não sei, mas quero dizer: cada empresa sabe de si. Se os decisores de uma dada empresa acreditarem que a creche é do seu interesse, em nome da produtividade, da rentabilidade, do bem estar, da consciência social ou porque a afilhada do patrão está sem emprego e gosta de crianças, nada os impede de abrir a creche. Não acredito é que o legislador João saiba o suficiente para tomar essa decisão em nome de todas as empresas.

Mas o que me leva a responder-lhe novamente, é uma oferta. Um emprego para o João Pedro Henriques. Conhecendo as suas excelentes capacidades de escrita e raciocínio (sou seu leitor há muitos anos), estou capaz de convencer um amigo, administrador duma empresa, a contratá-lo. Paga 25% acima do que o João ganha hoje, isto é, cerca de 500 euros por mês. Não? A sério? Não ganha o salário mínimo? Ganha mais do que... dasse! Tanto? Como é possível? Porque é que o João não ganha muito menos e não é explorado até à medula nos limites da lei? Não percebo. Alguma coisa deve estar a impedir a sua entidade patronal de explorá-lo e só pode ser o estado. Todos sabemos que se não fosse o estado, as empresas só pagavam à chinesa, não davam férias e trabalhávamos todos 80 horas por semana.