10.11.06

Pretextos, causas e consequências

Não me parece especialmente procedente o argumento que quer rebater o prejuízo resultante de um logro político evidente e que assenta em considerandos do tipo "isto já sucedeu outras vezes na história". Por um lado admite o embuste; por outro, não o aceita como erro - o que é o maior desacerto de todos.
Não sei sobre os políticos Democratas. Mas eu e muitos outros milhões de pessoas, americanos ou não, fomos dolosamente enganados. Por relatórios, afirmações categóricas dos mais altos representantes políticos norte-americanos, por exposições de slides no Conselho de Segurança da ONU. E etc..
Muitos de nós acreditamos nas WMD e nas ligações à Al Quaeda. E, à nossa dimensão, fizemos combate contra a infinidade de anti-americanos da esquerda (e direita) europeia que estarão sempre contra a América seja qual for a matéria e a Administração no poder. Em artigos nos jornais, nos blogues, em debates, nos nossos círculos sociais.Como pudemos.
Como já referi, na questão do Iraque, os pretextos foram apresentados como as grandes causas. Por isso o ónus destes serem falsos, i.e. de se não verificarem nem os pretextos nem as causas, vai inteirinho para quem garantiu a sua veracidade.
Ninguém gosta de fazer figura de parvo. De ter de ceder grande parte da sua razão àqueles contra quem esgrimia. Mas se isso tem de ser feito, que o seja com dignidade. E, aqui, esta só se alcança concedendo o erro anterior.
Provavelmente, por causa da má-fé nesta questão e na relutância compulsiva em aceitar o erro para poder corrigi-lo, os Republicanos irão ficar fora da Casa Branca na próxima década. Uma populista perigosíssima, Hillary Clinton, prepara-se para tomar o poder. O mundo está mais arriscado. Menos livre. Aliás o clima psicológico engendrado toma a Liberdade como o luxo de tempos melhores do que estes. A mania compulsiva da segurança resulta em ridículo quotidianamente. E, por causa disso, começa a repristinar-se a urgência do Estado-Garante de todas as incertezas da época.
Como liberal, só me apetece dizer: "Malditos neo-conservadores!"