6.11.06

privatizar

O Brasil é a prova provada da falência do modelo de Estado contemporâneo, mesmo até no mais elementar dos motivos que o originou: a segurança dos cidadãos. Se, na verdade, todos os contratualistas - de Hobbes a Rousseau - entenderam que a necessidade de abandonar o estado de natureza se devera à procura de segurança das pessoas e bens, garantia que só uma entidade pública superior - O Estado - poderia prestar, a realidade brasileira desmente-o, hoje, em absoluto.
De facto, se perguntarmos a qualquer brasileiro qual é o valor que mais estima, ele responderá, sem hesitar, a segurança. Aí, o país divide-se, hoje, em dois: o Brasil da criminalidade violenta e da insegurança total, onde só está o poder público, e o Brasil seguro, ou menos perigoso, onde impera o poder privado dos cidadãos.###
Para concluir isto, basta olhar para a Grande São Paulo. Na capital propriamente dita impera a lei da favela e ninguém se sente tranquilo, apesar dos poderes públicos gastarem rios de dinheiro com a segurança. Se visitarmos Alphaville, a escassos quinze minutos do centro da capital, a calma e a segurança são praticamente absolutas. Diga-se, de passagem, que os cidadãos residentes constituíram o seu próprio organismo privado de segurança - o CONSEG - Conselho Comunitário de Segurança, instalaram uma rede de rádio que informa vinte e quatro sobre vinte e quatro horas as ocorrências graves e despoleta os necessários mecanismos de defesa; criaram um sistema de bloqueio das saídas da cidade, com homens, viaturas e demais equipamentos necessários; instalaram, recentemente, em Novembro de 2005, um sistema de câmaras de alta tecnologia para visionarem a cidade. Em Alphaville vive-se com tranquilidade e com níveis de criminalidade quase inexistentes. Graças a uma segurança comunitária, de facto, privada. A 15 minutos da Av. Paulista.
Quem disser que as funções do Estado, todas, mas todas as suas funções, não podem ser privatizadas deve visitar o Brasil.