16.2.07

Dos jornais:

Em Portugal existirá provavelmente apenas um jornal a que se poderá atribuir a característica de «nacional» que é o Público, pois que as suas vendas se distribuirão, aproximadamente, de acordo com o peso relativo dos grandes centos urbanos, nomeadamente o grande Porto e a grande Lisboa. Dois outros jornais diários terão a mesma característica: o Destake e o Metro.
Por seu turno os jornais mais vendidos em termos globais são, um no sul, sobretudo na grande Lisboa, o Correio da Manhã, seguido de perto por um outro com forte implantação no Grande Porto, que é o Jornal de Notícias. Na zona de Lisboa há ainda mais dois jornais com relativa implementação regional e impacto em segmentos específicos de mercado: o Diário de Notícias e o 24 horas. O primeiro há várias gerações muito ligado ás elites culturais e ao poder político e o segundo, de carácter mais populista sendo sobretudo um derivado da cultura televisiva.

Em qualquer caso, os números de vendas dos jornais pagos são significativmente baixos face á media europeia, o que se justificará atendendo ao nível de desenvolvimento do país. Os 2 jornais mais vendidos (JN e CM), devido sobretudo á estratégia de incidência em temáticas regionais e locais, conseguem um produto relativamente homogéneo e uma relativa estabilidade. Já os 2 jornais que se reclamam de «referência» (jargão que significa negligência do local em favor do global e direccionados a elites), o Público e o DN, enfrentam um triplo desafio: a sua produção é muitíssimo mais cara, o público alvo é muito restrito, e este tem nos dias de hoje, sobretudo na parte em que aqueles títulos se distinguem dos demais, crescente acesso a formas alternativas de informação.

Daí não surpreender os contínuos esforços que aqueles dois títulos tem feito em se «renovar», tentando apalpar o terreno, descobrir para onde foram os velhos leitores ou captar novos públicos. Será esforço em vão? O mercado e os accionistas dizem que sim, pois mesmo com o investimento realizado os resultados pioram a olhos vistos. O produto será fraco, haverá incapacidade dos gestores ou dos jornalistas? Não creio. Certamente, nunca se terão construído carruagens tão boas e técnicamente tão avançadas como entre 1895 e 1910. A tecnologia, o design, os gestores e operários seriam do melhor. Simplesmente as pessoas já não queriam andar de carruagem mas sim de carro.