Esta enorme vitória eleitoral apenas serve para demonstrar aquilo que já se sabia - Alberto João Jardim é o senhor indisputado da Madeira e sempre que se candidatar (esta não será a véspera da última vez) ganhará.
No entanto, o casus belli que precipitou estas eleições mantém-se intacto: a Lei das Finanças Regionais será integralmente aplicada (substituindo a Lei máxima do centralismo que vigorou até agora na distribuição dos fundos públicos, a Lei do Maior Roncador) e a Madeira passará a ser bastante menos favorecida do que até aqui. Porque Sócrates não pode ser Guterres, i.e. ceder. E há, ainda, o Sr. Governo, Teixeira dos Santos.
Mas Jardim ainda tem uma hipótese de virar a situação a seu favor - basta que se desfilie do PSD e faça uma pomposa e histriónica adesão ao partido do governo.
Repare-se que Jardim não depende do PSD para nada, pelo contrário. O eleitorado laranja da Madeira é intrinsecamente jardínico e pouco mais do que isso (no pior cenário, em que não acredito, perderia aí uns 5% do seu eleitorado alaranjado). Alguns dos maiores inimigos de Jardim estão no PSD: são os amigos do Sr. Silva, claro. Mendes só conta porque não conta. Logo, pretextos para a ruptura não faltariam.
O PS nacional há muito que prescindiu de ter vergonha na cara: o primeiro-ministro do governo regional da Madeira seria recebido de braços abertos e com uma declaração esfusiantemente oficial de Vitalino Canas, enquanto que Jacinto Serrão passaria a ser o grande motivo das sucessivas derrotas socialistas na Madeira.
Imaginem só aquilo que a maioria dos nossos comentadores mais rosados teria de imaginar para justificar um reinventado Jardim Cheio de Rosas...
Quanto às Finanças Regionais - bom, neste cenário, tudo se poderia arranjar. Fica sempre bem pôr fim a um litígio institucional, um clima de concórdia também é sempre bom, há a unidade nacional e coisa e tal...