16.10.07

Nova informação? II

Em que situação é que a revelação de um pequeno escândalo muda a informação que um investidor possui? Nenhum investidor pode saber a priori se uma determinada administração é honesta. Pode ser, pode não ser. Pode até ser desonesta em pequenas coisas e séria nas grandes. Pode ser desonesta em determinadas circunstâncias, mas não noutras. Um investidor poderá contornar esta dificuldade criando um modelo estatístico da honestidade a partir da sua avaliação do carácter dos membros da administração. Como a sua informação é subjectiva e o processo de síntese dessa informação corre o risco de estar errado, o investidor quererá traduzir a sua avaliação numa probabilidade de desonestidade. Imagine-se que ele aposta que a administração de um dado banco tem 20% de probabilidade de ser desonesta em cada ano em casos que envolvem entre 10 e 20 milhões de euros. Imagine-se que se descobre que há 3 anos essa administração foi desonesta. Existe informação nova que obrigue a mudar o modelo? A verdade é que um evento único não chega para validar o modelo nem para o refutar. E como a presunção de honestidade sem conhecimento de causa é irracional, a descoberta de um deslize só representa nova informação para os ingénuos. O mais interessante é que os ingénuos pensarão estar perante nova informação e passarão a presumir desonestidade total a partir daí.