15.10.07

O prémio político do IPCC III

Ideias que parecem complicadas, mas não são:

O IPCC desempenha funções de avaliação científica. Como tal tem que ser uma instituição imparcial que se regula apenas por critérios científicos. Não pode haver a mínima dúvida nem o mínimo incentivo para que o IPCC chegue a uma conclusão e não a outra. Segue-se que não lhe fica bem nem abona a favor da sua reputação aceitar prémios politicamente orientados.

O mérito do IPCC deve depender apenas da forma imparcial e rigorosa como desempenhar as suas funções e nunca pela conclusão específica a que chegou.

Consideremos as seguintes hipóteses:
###
A- Aquecimento global tem origem antropogénica e IPCC conclui que aquecimento global tem origem antropogénica

B - Aquecimento global tem origem antropogénica e IPCC conclui que aquecimento global não tem origem antropogénica

C- Aquecimento global não tem origem antropogénica e IPCC conclui que aquecimento global tem origem antropogénica

D - Aquecimento global não tem origem antropogénica e IPCC conclui que aquecimento global não tem origem antropogénica

O IPCC teria mérito nos casos A e D. O IPCC terá mérito sempre que chegar à verdade.

Agora imaginemos que viviamos num mundo em que a hipótese D é verdadeira. Nesse mundo o comité Nobel nunca atribuiria o prémio ao IPCC porque o assunto não teria relevância política. Mais interessante é que são dois os tipos de mundos onde o comité Nobel atribuiria o prémio ao IPCC: aqueles em que é válida a hipótese A e aqueles que é válida a hipótese C. Aliás, o comité Nobel não tem meios para distinguir a hipótese C da A. A única autoridade a que o comité Nobel pode recorrer para distinguir a hipótese C da A é o próprio IPCC.

Este é um caso claro de inbreeding intelectual. O comité Nobel baseia tudo o que sabe sobre aquecimento global em informação validada pelo IPCC e com base nessa informação atribui um prémio ao IPCC que contribui para validar aos olhos do público o trabalho do IPCC.