23.11.05

Menos que zero

Que se apoie Cavaco porque não se gosta de Manuel Alegre, que se apoie outro qualquer, porque não se gosta de Cavaco, que se apoie Soares porque não se quer o Alegre, entendo.
Acho é muito pouco, politicamente falando.
Que se discuta quem percebe menos de economia, quem é mais culto, quem é mais responsável pelo estado das coisas, quem é o maior perigo para de democracia ou quem interferirá mais com o governo, é pobrezinho, mas é o que há.
Mas, e o que interessa isso, verdadeiramente?

Eu sei que é uma, a única, eleição uninominal permitida. Poderia-se até discutir a cor dos cabelos, o «carácter» ou se passam tempo com os netos. Falta pouco para isso.
Mas eu preferia que anunciassem o que pensam sobre algumas coisas. Daquelas que não são propriamente dependentes da acção executiva do governo. E onde, como PR's, poderiam ter um papel.

Sei lá, se apoiam ou não, e porquê, a constituição europeia do D'Estaign. Se acham que a UE deve realizar reformas, nomeadamente ao nível da PAC. Se a UE deve ser um projecto político ou outra coisa. Se estivessem nas circunstâncias do seu antecessor, se aceitavam para PM alguém como Santana Lopes, o que fariam e porquê. Se aceitavam que as suas forças armadas atacassem um país soberano à revelia da ONU e da CRP. Se aceitam que o governo mantenha o sistema e segurança social tal como está. Ou o que pensam sobre a regionalização. Ou se pretendem continuar a manter o regime de impunidade, face ao «normal funcionamento das das instituições» do governante da Madeira. Da opção faraónica dos TGV's e OTA's. Da posse estatal de inúmeras empresas públicas. Do condicionamento do acesso ao ensino superior. Sei lá, coisas práticas. E ideológicas. Coisas com que os seus antecessores se tenham confrontado. Ou para a quais exista expectativa de mudanças no futuro.

Maus exemplos:
Em três páginas de entrevista, na segunda-feira, no Público, Cavaco diz nada.
Para além de informar, sem justificar, que se opõe (infelizmente), ao sistema de eleição uninominal para o parlamento, nada mais disse. Porque não era candidato a primeiro-ministro.....
Bem, ou não quiz dizer, ou não lhe perguntaram nada de interessante.