31.10.04

Dúvida do dia

Se o Expresso apoiasse explicitamente John Kerry qual teria sido o DVD distribuído conjuntamente com a edição de ontem?

John Kerry is a saint

(obrigado a GK pela indicação)

John Kerry was going to visit the National Shrine in
DC, as part of his campaign. Kerry's campaign manager
made a visit to the Cardinal and said to him, "We've
been getting a lot of bad publicity among Catholics
because of Kerry's position on abortion and the like.
We'd gladly make a contribution to the church of
$100,000 if during your sermon you'd say John Kerry is
a saint."

The Cardinal thinks it over for a moment and agrees to
do it.

Kerry shows up, and as the Mass progresses the
Cardinal begins his homily. "John Kerry is petty, a
self absorbed hypocrite and a nit-wit. He is a liar, a
cheat, and a thief. He is the worst example of a
Catholic I've ever personally known. But compared to
Ted Kennedy, John Kerry is a saint."

HORA (bolas)

Sei que é um ritual, e que vários outros países fazem o mesmo.
Mas ao certo para que serve a mudança administrativa da hora legal? Terá de facto alguma vantagem?
Pessoalmente acho irritante, duas vezes por ano, alterar bruscamente o ritmo natural de vida. E esta ideia de que tudo é possível controlar, regular, legislar, decretar, independentemente da sua racionalidade, sendo embora sintomática dos tempos que correm, não deixa de me parecer um absurdo.

Parcerias perigosas

Escreve Vital Moreira:

(...) Manifestamente esta parceria PT-PSD que manda no Lusomundo não tem escrúpulos na desconsideração das pessoas. Esta gente não é confiável!

Ou seja, o problema não está na parceria PT-PSD (que começou por ser PT-PS), mas na gente não confiável que a integra. Não se contesta o sistema - o domínio dos media pelo Estado via PT - mas quem o gere.

Relembro a propósito esta máxima do João Miranda, cuja bondade a esquerda e a direita estatistas recusarão sempre:

Um sistema, cujo bom funcionamento dependa da virtude dos respectivos agentes, funcionará mal e será dominado pelos seus agentes menos virtuosos.

A lavagem cerebral numa sociedade aberta pode ser muito complicada

Feliciano Barreiras Duarte escreve no Expresso um artigo com o título «Pôr os jovens a ler jornais». Pelo meio, diz que os jovens devem ter espírito crítico e que os elevados índices de leitura de jornais no Japão, na Noruega e na Finlândia provam que a leitura de jornais favorece o desenvolvimento. Termina a falar num programa governamental de incentivo à leitura de jornais ... regionais.

Feliciano Barreiras Duarte defende nesse texto um conjunto de valores incompatíveis entre si. Os jovens, ou têm espírito crítico, ou perdem tempo a ler jornais regionais. Ou têm espírito crítico, ou são sensíveis a incentivos. Pessoas com espírito crítico não são facilmente incentivadas a fazer o que elas próprias acham que não deve ser feito. Barreiras Duarte chega a dizer que isso de ler jornais é um hábito. Ora, os hábitos são muito vulneráveis a pessoas que se questionam.

O espírito crítico pode ser muito perigoso. Os jovens com espírito crítico ainda descobrem que ler jornais, ainda por cima regionais, pode ser uma perda de tempo na era da internet, dos telemóveis e da TV-Cabo. Ainda descobrem que o Secretário Adjunto do Ministro da Presidência Feliciano Barreiras Duarte está é a dar graxa à imprensa.

Um jovem com sentido crítico suspeitará da tese de Feliciano Barreiras Duarte segundo a qual uma correlação entre desenvolvimento e índices de leitura prova que os índices de leitura causam o desenvolvimento (Feliciano Barreiras Duarte deve ter lido este argumento num jornal). A correlação pode perfeitamente provar que o desenvolvimento causa elevados índices de leitura.


PS - Para quando um programa de incentivo à leitura de Blogs?

Esquerda atinge a idade adulta

Esquerda Desiste de Recorrer ao Presidente da República

Jorge Sampaio conseguiu duas coisas notáveis neste mandato. Ao não convocar eleições, mostrou que levava a sério o seu parlamentarismo e que o Presidente da República não é o pai da esquerda. Não será reconhecido por isso.

O Psiquiatra Imaturo

Daniel Sampaio dirigindo-se aos jovens deste país: E por isso vos peço: ajudem a derrubar este governo.

Isto é muito feio. Um homem de meia idade que usa o seu estatuto de figura paternal para manipular mentes inocentes e voluntaristas com fins políticos.

30.10.04

ADEUS BUTTIGLIONE (com toda a propriedade)

Rocco desistiu. Afirmou-se "vítima inocente" escolhida pela humanidade, que "periodicamente decide purificar-se. Desta vez fui eu o escolhido para essa função e não me queixo muito".

Volto a discordar de Buttiglione - acho que ele não tem feito outra coisa senão queixar-se e que o tem feito da pior maneira.
Mas, a final de contas, depois da doce visão do martírio próximo o simples abandono deve ter-lhe sabido a pouco.

Rodrigo Moita de Deus, paradoxalmente, diz coisas acertadas mas confunde - julgo eu - os pressupostos. E generaliza excessivamente quanto aos destinatários.
Quando o li, acicatadamente, comecei logo a redigir a resposta.

Mas cliquei no Abrupto e senti uma violenta bofetada com este soberbo texto de Borges.
Decidi esperar. Aproveitar a lição, pensar mais e melhor.
(Realmente, às vezes sabe bem aprender com o mainstream...)

JUSTIÇA

Esta é demais !!! (naGLQL)

"Juiz desconfia que motorista transporte crianças na sua própria viatura
Um
condutor de autocarros de S. João da Madeira foi interceptado pela PSP quando transportava crianças com uma alcoolemia de 1,72 g/l - uma taxa muito superior a 1,2 g/l, a partir da qual o estado de embriaguez é qualificado no direito penal como crime de perigo abstracto - e posteriormente conduzido a Tribunal, onde o juiz sentenciou a sua condenação em sanção de inibição de conduzir qualquer veículo motorizado, com excepção de veículos pesados de passageiros, por um período de seis meses, alegando não pretender "perigar a subsistência económica do arguido"."

Campanha

Diário de Notícias desmente notícia do Diário de Notícias.

Dúvidas

Até estou de acordo com o Paulo Querido.
O António Caldeira bem sabia o que lhe poderia acontecer.
Só me faz confusão que ele seja investigado e accionado judicialmente, e a tantos outros que por aí andam nada lhes aconteça. Saber se a lei é mesmo igual para todos, ou porque é que por vezes ela não o é, é o que me importa neste momento.

Uma boa razão para votar No-Bush

Eu acho que ele votou Bush

O futuro da energia

Portugal só será independente em relação aos combustíveis fósseis se construir três centrais nucleares

E porque não 4 ou mesmo 100?. Claro que os portugueses ficariam dependentes de uma Autoridade Nuclear qualquer que estaria na posição de definir toda a política energética do país.

Para além de ser uma solução centralista, o nuclear é considerado inseguro. Mas o futuro não precisa de ser igual ao passado.

Estão a ser desenvolvidos reactores mais seguros que podem ser usados de forma mais descentralizada.

Ver:

Estamos todos eufóricos

Título do Público: Europa Celebra a Sua Nova Constituição

Títulos alternativos:

- Europeus ignoram assinatura da Constituição Europeia
- Eurocratas celebram projecto de engenharia política
- Meios de Comunicação Social tomam partido pelo SIM à Constituição Europeia
- Críticas sérias à Constituição Europeia só nos Blogs

29.10.04

Open spectrum

Da Wikipedia:

Open spectrum is a movement to get the government to provide more unlicensed spectrum, radio frequency spectrum that is available for use by all. Proponents of the "commons model" of open spectrum advocate a future where all the spectrum is shared, using Internet protocols to communicate with each other, and smart devices to find the most effective energy level, frequency, and mechanism. Previous government-imposed limits on who can have stations and who can't will be removed, and everyone will be given equal opportunity to use the airwaves for their own radio station, television station, or even broadcast of their website.

Portugal Profundo - III

Suspeita de violação de segredo de justiça leva autor de blog a tribunal

Gostei desta frase

"O Governo oferece ainda o aumento das indemnizações aos inquilinos em caso de rescisão do contrato" (no Público).

Leitura recomendada

The Spectrum Should Be Private Property: The Economics, History, and Future of Wireless Technology

Perguntas da noite

Para que serve a Alta Autoridade para a Comunicação Social? Se fosse extinta, será que alguém lhe notaria a falta?

INCAPACIDADE

O Lóló foi convidado para uma festa. Ao chegar ao local, foi interpelado por um segurança:
- O seu convite, por favor?
- Euh... não o trouxe.
- Então não o posso deixar entrar.
- Mas eu sou o Santana "Flopes"!
- Nesse caso, mostre-me por favor a sua identificação.
- Euh... também não a trouxe.
- Então, não o vou poder deixar entrar.
- Mas eu sou o 1º Ministro!!! Não me está a conhecer???!!!
- Bem, o senhor é realmente muito parecido, mas pode ser um sósia. Para entrar, tem de me provar ser quem diz que é.
- Mas como???!!!
- Não sei. O Figo também não trouxe o convite... Dei-lhe uma bola e ele provou ser quem dizia ser. Ao Pedro Abrunhosa dei-lhe um microfone e ele provou ser quem dizia.
- MAS EU NÃO SEI FAZER NADA!!!
- Ora essa... Porque não disse logo? Faça o favor de entrar, Sr. 1º Ministro!

Fundos públicos pelo SIM à Constituição Europeia

O primeiro-ministro revelou que vai ser feita uma campanha de divulgação da Constituição Europeia junto dos portugueses.

O QUE É UMA REVELAÇÃO?


Por exemplo, depois de uma vida inteira a receber acusações de estar "sempre no contra", quando já cheguei à idade madura alguém me denunciar por, supostamente, elaborar as minhas opiniões pelo «mainstream mediático».

Afinal o "Papa" tinha razão!

Veiga a contas com o fisco. E porventura também com a Interpol. Quem se seguirá?...

É evidente que anda aqui dedo do "Papa"! Tal como quando Artur Jorge foi para o Benfica. O qual, diga-se, cumpriu à risca a sua missão...

Segredo de justiça cada vez mais sacralizado

Governo quer jornalistas vinculados ao segredo de justiça

Isto é uma péssima ideia. O segredo de justiça tal como hoje existe é incompatível com uma sociedade cada vez mais aberta e mediatizada. Os segredos são cada vez mais dificeis de manter e é cada vez mais difícil fazer cumprir este tipo de leis. O segredo devia ser limitado aos casos em que ele é mesmo necessário e não reforçado.

O Caso Casa Pia provou que o público em geral é o último a saber. Muitas vezes, quando o segredo de justiça chega aos jornais, já os principais interessados na defesa e na acusação foram informados. Por exemplo, Paulo Pedroso foi informado de que estava a ser investigado muito antes de a informação ter sido publicada nos jornais.

Os segredos continuarão a circular por entre quem mais interesse tem neles e por entre quem melhor acesso tem a eles e a imprensa e o público deixarão de poder avaliar durante meses ou anos informações sobre os problemas jurídicos de personalidades públicas. No limite, casos como o Caso Casa Pia poderão ser abafados muito mais facilmente. O segredo de justiça tem sido, em muitos casos, um instrumento ao serviço do corporativismo e de determinadas elites e não um instrumento ao serviço da justiça.


PS - Uma lei destas coloca agentes judiciais e políticos alvo de investigação a salvo de qualquer escrutínio durante meses.

Portugal Profundo II

Os Blogs têm uma desvantagem competitiva em relação aos jornais. Os Blogs são feitos por indivíduos, ou pequenos grupos de indivíduos, não têm receitas, não têm serviços jurídicos nem têm uma almofada financeira e por isso são vulneráveis a pressões económicas e judiciais. Um bloger só tem uma forma de se proteger desse tipo de pressões: o anonimato total.

Realidade virtual

Europa finalmente livre e democrática:

"(...) O presidente da Eurocâmara [Josep Borrell, presidente do Parlamento Europeu], sublinhou também a necessidade de utilizar a palavra «Constituição» já que esta é um termo «que marcou o fim das ditaduras e permitiu a renovação da democracia» na Polónia, em França e na própria Espanha."

A criação de um novo povo:

"Instituir uma Constituição para a Europa «vem aceitar virtualmente a existência de um povo europeu cujos cidadãos se expressam no seio de uma Europa política que proclama os valores sobre os quais se funda».
No DD.

Inimigo Público - 3

Títulos dos textos dos colunistas do Diário Digital:

Clara Ferreira Alves: «A cabala»
Mário Bettencourt Resendes: «O regresso do pesadelo»
Luís Delgado: «Respeito da opinião»

Inimigo Público - 2

Às sextas, não sei se é por sugestão, se por preocupação concorrencial, pareço que leio mais notícias humoristicas do que nos outros dias (com excepção das capas do Expresso, claro).
Hoje, vários jornais adiantam a hipótese de Miguel Coutinho (do Diário Económico), como provável novo director do Diário de Notícias. Mas o "Independente" consegue a façanha de introduzir uma "alternativa", de tom marcadamente "Inimigo Público", ao soprar o nome de Carlos Magno....

O futuro não é igual ao passado IV

A Economist escolhe entre o incompetente e o incorente.

O texto é composto por três partes:
*a primeira parte em que se analisa a performance passada de Bush
*uma segunda em que se analisa aperformance de Kerry como senador e como candidato
*uma terceira em que a informação previamente compilada é usada para prever a performance futura de cada candidato.

Esta última parte tem uma frase que me agrada particularmente:

In the end, the choice relies on a judgment about who will be better suited to meet the challenges America is likely to face during the next four years.


No fim, a Economist escolhe Kerry, o que prova que nem só os que defendem a teoria da punição pura e simples, estão contra Bush.

A Crise Europeia IV - "MATAR O REI".

Muito impressivo, o comentário do Presidente cessante da Comissão Europeia, Romano Prodi, sobre o "quase-chumbo" do Parlamento Europeu ao colégio de comissários proposto por José Manuel Barroso:

- "Também o PE começou por onde começam todos os parlamentos - matando o rei", (ver Público, pag. 3, Destaque - com link ainda não disponível a esta hora - como, de resto, sucede em quase todas as sextas-feiras....)

Roma II

Vai hoje ser assinado um tratado que nenhum entidade pediu.
Um Tratado sobre o qual quase 500 milhões de cidadãos abrangidos pelas suas disposições nunca se pronunciaram directa ou indirectamente.
Um Tratado que nem sequer foi votado pela auto-instituída comissão de redacção.
Um Tratado que revê disposições de outro Tratado (o de Nice), as quais ainda nem sequer entraram em vigor.
Um Tratado que é justificado pela entrada de 10 novos países, o mesmo argumento que levou à celebração do Tratado de Nice.
Enfim, não é um dia brilhante.

28.10.04

Rua da Judiaria

Muitos parabéns Nuno.

Redes de Distribuição

Interessante ver a estrutura das receitas do jornal "Público":
- venda de jornais: 9,3 milhões de euros;
- venda de publicidade: ? 12,7 milhões de euros;
- venda de produtos associados: 20,9 milhões de euros.

Não é só na imprensa que tal fenómeno ocorre. Nas bombas de gasolina, algo de semelhante se passa (ao ser mais interessante para as empresas explorar as lojas do que vender combustíveis).

Portugal Profundo

Esta história cheira muito mal. O autor do blog viu a sua casa e a da mãe revistada, o seu computador apreendido e foi constituído arguido por crime de desobediência, uma bagatela jurídica, como se costuma dizer. E partilho com o José, a dúvida do porquê de tal aparato para um crime menor. Mas certamente o PGR irá explicar o efeito prático desta acção.

Leitura recomendada sobre o caso Buttiglione (3)

Três textos de JAM, no Sobre o tempo que passa:

Se dizem que ele é mau, tem de ser mesmo mau

Buttiglione, homossexuais e União Europeia

Rocco Buttiglione

Destaque:

O destacado professor e filósofo político, um dos mais marcantes nomes do jusnaturalismo neo-tomista, centrista de sempre, bem próximo do pensamento de João Paulo II, revela um dos mais graves vícios da nova Europa, o da censura implícita do novo politicamente correcto.

O QUE É "VIRAR O BICO AO PREGO" DA HISTÓRIA?


Por exemplo, quando o Vaticano surge, pressurosamente, a esgrimir o argumento/acusação "Inquisição" contra quem quer que seja.

O QUE É UMA FALÁCIA POLÍTICA?


Por exemplo, dizer que a não aceitação de Rocco Buttiglione pelo Parlamento Europeu é uma vitória do "politicamente correcto" contra a livre expressão das convicções de cada um.

Autor do Blog Do Portugal Profundo visitado pela PJ

Cópia de um post no Portugal Profundo:

Sete horas, ainda de noite. Bateram à porta. Sem medo, ainda meio estremunhado, abro. Três vultos. O primeiro diz:

- "Polícia Judiciária de Leiria. Temos um mandado de busca da sua residência".

Franqueio a porta. Entram dois agentes e um procurador-adjunto. Mostram-me o mandado de busca domiciliária, assinado por um juiz, às minhas residências (sic) e veículos (o meu carro e outro que vendi há oito anos).

Contam-me depois que, à mesma hora, dois agentes batem à porta da casa da minha mãe, septuagenária. Perguntam-lhe se ela é minha mãe e identificam-se. Minha mãe informa que aquela não é a minha residência desde há 11 anos, mas os agentes prosseguem. Efectuam uma busca a todas as divisões da casa, inclusivé as casas de banho. Vêem um computador velho, sem ligação à Internet, no quarto de hóspedes e hesitam. Telefonam para alguém e acabam por o levar. Esses dois agentes juntam-se, depois, aos outros e ao procurador-adjunto em minha casa.

Pedem-me documentação relacionada com o processo da Casa Pia. Reúno alguns papéis e vou abrir o computador para lhes mostrar as pastas onde guardo o que edito. Fecham-no de imediato e justificam-se com a existência de comandos que permitem a formatação do disco rígido... Dizem que têm ordens para apreender o computador (o corpo do delito?...) - não apenas o disco rígido. No computador, instrumento do meu trabalho de professor, vai a minha tese de doutoramento, lições, exames, notas, documentos profissionais e pessoais, correspondência...

Respeitam a intimidade do meu quarto onde minha mulher se arranja, bem como do quarto dos meus filhos, que, entretanto, surgem preocupados. Creio que as crianças nunca mais se irão esquecer deste episódio. No entanto, os agentes e o procurador adjunto têm uma atitude cordial e parecem muito profissionais. Fazem o serviço que lhes foi cometido.

Pretendem conhecer a origem de alguns papéis. Respondo que foram coisas que me surgiram. O procurador-adjunto solicita-me, após ler os meus direitos e deveres processuais que assine um documento de constituição como arguido e outro com o termo de identidade e residência.

São-me imputados factos susceptíveis de integrar a prática do crime de desobediência simples, p. e p. pelos artigos 348.º n.º 1, alínea a), do Código Penal, ex vi do disposto no artigo 88.º, n.º 2, alínea a) e 3, do Código de Processo Penal. Sou ouvido esta sexta-feira no tribunal.

Aconselhado, comprei outro computador. Espero que não mo levem...

Cumpro a lei. Escrevo sobre esta questão do Estado, em defesa do meu País e da democracia.

A pedido de vários leitores...

O FCP foi ontem eliminado da Taça. Merecidamente, que não mostrou a agressividade nem a vontade de ganhar que se lhe exige. O "agressor" de Costinha talvez merecesse o vermelho. Mas admito que o árbitro não tenha visto bem e dou-lhe o benefício da dúvida. De resto, como qualquer mortal, os árbitros erram e não seria a expulsão que iria alterar o resultado final.

As fase de transição são sempre complicadas. Mas sosseguem que o FCP dará a volta por cima. E ganhar todos os troféus num ano, só acontece esporádicamente e apenas às grandes equipas.

Satisfeitos???

Horas extraordinárias para a AACS

Fernando Lima, (ex)- Director do Diário de Notícias assegurava ontem que contava com o apoio do CEO da Portugal Telecom, Miguel Horta e Costa.
Hoje, apesar de tal apoio, FL demitiu-se.
Entre a Direcção do DN e a direcção da PT está a Administração da Lusomundo Media, presidida e "vice-presidida", respectivamente, por Luís Delgado e Mário Bettencourt Resendes. Não é assim difícil saber quem provocou a demissão.
Irá agora Horta e Costa demitir a Administração da Lusomundo Media?

Chumbo, inverdades e manipulações

Clarificando esta posta do Gabriel e várias notícias que saíram nos jornais de hoje, das quais a do Público é a que mais se aproxima do ocorrido, passe embora o exagero do título e o eu ter "arrasado" PSL:

1. A referida moção foi apenas apresentada e subscrita por mim. Eis o seu texto integral:

Considerando:
a) O clima de enorme incerteza que assola o País, pautado por vários sinais de imaturidade política, de desaceleração económica e por uma envolvente internacional preocupante;
b) A continuada recessão que vem atingindo o Distrito do Porto, bem expresso nos números crescentes de desempregados;
c) A oposição de baixo nível e de cariz paralisante que se vem verificando ao nível do concelho do Porto.

A Assembleia Distrital do PSD, reunida em 26 de Outubro de 2004 em Paços de Ferreira, delibera:
1) Congratular-se pela aprovação da SRU Porto Vivo, que cria as condições para se encetar de forma estruturante o processo de recuperação urbanística da baixa do Porto;
2) Congratular-se pela futura implementação de portagens nas auto-estradas actualmente em regime SCUT e pela, espera-se que breve, entrada em vigor da nova Lei do arrendamento urbano, duas medidas passíveis de importantes impactos económicos, seja ao nível da carga fiscal, seja ao nível da criação de um mercado de arrendamento, hoje praticamente inexistente;
3) Manifestar a sua apreensão pela actuação do governo na área da comunicação social, gerando conflitos perfeitamente dispensáveis e formulação de juízos públicos quanto à sua postura que se vêm revelando assaz negativos para a sua imagem;
4) Propor ao governo medidas concretas que contrariem tal postura e que deverão passar pelo completo abandono da posição do Estado em órgãos de comunicação social, através da privatização da RTP e RDP e da venda da sua "golden share" na PT;
5) Recordar ao governo a importância do cumprimento do programa eleitoral que deu a vitória ao PSD, designadamente as promessas então feitas com impacto na gestão orçamental, como sejam a extinção da maioria dos Institutos Públicos, a racionalização do sector empresarial do Estado e a diminuição da carga fiscal.

Paços de Ferreira, 26 de Outubro de 2004
Luís Rocha - Militante nº 5145


2. Após tê-la redigido, imprimi apenas 2 exemplares da Moção. Um que ainda está na minha posse e outro que foi entregue na mesa da Assembleia Distrital após a ter apresentado.

3. Verifico que os vários jornais que se fizeram eco da reunião, transcrevem ipsis verbis algumas partes da moção.

4. Como não falei com nenhum jornalista antes ou depois da Assembleia Distrital, concluo que a fonte dos jornais só pode ter sido a Mesa da Assembleia ou a Comissão Política Distrital.

5. Curiosamente e apesar de o meu nome constar no final da Moção como seu único subscritor, não fui abordado por nenhum jornalista na tentativa de confirmar o respectivo teor. Vejam-se os títulos/sub-títulos que apareceram:
No Público -
Censura ao Governo não foi a votos
No Comércio do Porto - Vice de Rui Rio apresenta moção contra Governo
No DN - Vice de Rui Rio critica Governo
No JN - (...) A reunião ficou marcada ainda por uma moção crítica ao Governo apresentada por 4 apoiantes de Rui Rio (...)

6. Diga-se que Paulo Morais entrou mudo e saiu calado da Assembleia, onde se limitou apenas a votar favoravelmente a admissibilidade da moção. Do tão divulgado "bando dos quatro" e para além de eu próprio, apenas interveio Moreira da Silva, que sublinhou o "apelo à oração" que Cavaco fizera nesse mesmo dia.

7. Ou seja, a mensagem que se pretende passar é a de que Rui Rio - que não esteve presente, mas enviou uma mensagem escrita à Assembleia, anunciada mas não lida - está contra o Governo e contra Santana. Congresso do PSD oblige?


Não resisto a transcrever este delicioso retrato sobre os nossos media feito pela Joana:

Os meios de comunicação, nomeadamente os de referência, estão enfeudados ao «politicamente correcto» dos valores que lhes colonizaram as mentes. Mas têm algumas características "aproveitáveis": sabem muito menos do que julgam saber, são muito mais incultos do que julgam ser e regem-se mais pelo efeito que pretendem produzir (nomeadamente as TV?s) do que pelo rigor da informação. Isto é um húmus magnífico para nutrir e criar tudo o que a imaginação apenas alcança. Especialistas de marketing político encontram aqui abundante matéria prima para produzirem factos políticos, económicos e sociais que servirão não só de antídoto, como de catalizador de adesões. O jornalista português, na sua desdenhosa sobranceria, é, por isso mesmo, manipulável, com toda a facilidade, por qualquer bom especialista de imagem. A sobranceria e o desdém são a mãe e o pai de todos os logros.

Resta dizer que Marco António está muito longe de ser um especialista de marketing político ou de manipulação e nunca chegará nestas áreas aos calcanhares de Marcelo. Facto que ainda abona menos a favor dos nossos jornalistas...

A Crise Europeia III - "Uma evolução preocupante"

José Manuel Fernandes, no Público de hoje (Uma evolução preocupante), levanta, a propósito da "Crise Europeia", algumas questões pertinentes. A perspectiva e os pressupostos de partida de JMF, merecem, contudo, alguns desenvolvimentos complementares.

Em síntese, a tese e a preocupação de base que JMF expressa, prende-se com aquilo que, correntemente, se designa, por "desequilíbrio institucional" da UE.

O inegável (pelo menos, aparentemente) reforço do papel e do estatuto, de facto, político do Parlamento Europeu, decorrente do recente episódio em torno do "caso Buttiglione" e do "quase - chumbo" do colégio de comissários proposto pelo nosso José Manuel (Durão) Barroso preocupa o Director do Público. Em parte, de uma forma mais directa e partindo (contudo) de outros pressupostos, essas mesmas preocupações foram expressas por alguns analistas (ver, infra, o post A Crise Europeia II - relembrando Altiero Spinelli).

Ora, a questão é muito simples (e, talvez por isso mesmo, simultaneamente, muito complexa): ou aceitamos que a construção comunitária assenta numa lógica de modelo de organização política aberto, à procura, permanentemente, do seu referencial ("o caminho faz-se caminhando"), ou então, tentamos comprendê-la à luz dos quadros constitucionais clássicos (pressupondo, sempre, como ponto de comparação a construção do "Estado nacional").

No fundo, todos nós - e esse será o caso que pressinto subjacente às questões importantes lançadas pelo Director do Público - tendemos natural e mesmo inconscientemente para esta última hipótese (até por hábito e facilidade de raciocínio). Nesta última perspectiva, é verdade que somos redutores ao considerar que o Parlamento Europeu é a mais democrática (porque eleito directamente) instituição comunitária, é também verdade que, como assinala JMF, esta visão acaba também por ser "uma visão redutora do que é a democracia e uma demonstração das graves deficiências da actual arquitectura institucional da União"; será, também, verdade - ainda partindo do mesmo pressuposto! - que nessa arquitectura há um desvio ao postulado (clássico) do princípio da "separação dos poderes".

Porém, concordando com JMF quando diz que, para a União e para países como Portugal, o reforço do poder da Comissão seria o mais proveitoso e importante (no fundo, assumindo-se claramente um caminho mais "federal" e desvalorizando-se os traços intergovernamentais da organização), já não concordo, contudo, que, por si só, o reforço da "voz política" do Parlamento Europeu signifique necessariamente (como parece, no fundo, ser a tese de JMF), a manutenção do déficite democrático europeu.

É que, encarando o princípio democrático numa perspectiva actualista/alternativa (mas não menos vigorosa!), ele poder-se-á reforçar apenas e tão só, num quadro atípico e numa entidade que ultrapassa os modelos históricos definidos pelo Constitucionalismo e pela Ciência Política clássicos, pelo simples facto de se reforçar a legitimidade ab-initio das instituições, através da busca do maior consensualismo possível na respectiva composição. E tão só isto, sem que isto possa significar algo mais do que um equilíbrio político mais sólido e reforçado - e, portanto, mais solidariedade institucional - no exercício das competências de cada um (leia-se, de cada Instituição).

No caso concreto, sem dúvida que se a projectada-proposta-futura Comissão de Barroso "passar", poderá legitimamente, no futuro, esperar uma solidariedade (e exigir uma responsabilização acrescida!) do próprio Parlamento Europeu! Sendo certo que a própria voz/estatuto (ainda que político-simbólico) deste, também se valorizou!

P.S. - Respondendo, por fim, à questão que em P.S., JMF coloca («Se, por acaso, o intocável Daniel Cohn-Bendit, fosse indicado para comissário do mesmo pelouro que Buttiglione, alguém imagina que se levantaria idêntica tempestade entre os deputados»), eu acho que sim....eu, pelo menos, levantaria e acho que aqueles que, agora, no Parlamento Europeu, apoiaram a nomeação de Rocco, deveriam também fazê-lo! E legitimamente >- se não o fizessem, isso não significaria nem mais, nem menos tolerância ...mas sim, desatenção e incompetência política! Mas isto, no fundo, são os resultados legítimos da democracia institucional a funcionar!


Leitura recomendada sobre o caso Buttiglione (2)

Casos análogos, por Tiago Souza d'Alte, no Peço a Palavra.

O que se argumenta é que o projecto europeu é um projecto isento de influências sujeitas a discussão, a divisionismos. É um projecto que se pretende congregador e não representante de um ponto de vista. É por esse motivo que o exercício de funções públicas deve ser dissociado de qualquer código moral -- sobretudo se esse código for oriundo da esfera religiosa. E, do mesmo modo, é por isso que a configuração da própria UE não deve estar relacionada com qualquer legado ou interferência da esfera religiosa.
Nesta perspectiva, aceitar que o projecto europeu está historicamente associado a um legado dessa natureza ou que os agentes políticos envolvidos nesse processo se guiam por esses padrões morais é um retrocesso. Porque tal evento representaria um suposto desvirtuamento do projecto multi-cultural europeu.

É esta a mentira que importa desmascarar. Em primeiro lugar, é uma falsidade histórica. A esfera religiosa teve um papel central na vivência europeia e dos europeus ao longo dos séculos. E constitui um substracto precioso do projecto europeu.
Para além do mais, a argumentação é absurda -- e é absurda porque oculta a verdade. Qualquer indivíduo é um agente moral. Um indivíduo que rejeite um código moral de origem religiosa não irá, consequentemente, actuar cegamente como um autómato. Ele actuará de acordo com outro código moral -- um código moral de índole materialista, onde os vectores de religiosidade não entram. Esse código moral é o do materialismo secular. Simplisticamente e no campo da decisão política, o materialismo secular é um fruto do Iluminismo e do materialismo. É o domínio da tecnocracia, o campo privilegiado do utilitarismo materialista. É esta a verdade que não se diz em voz alta.

Ou seja, o fenómeno a que assistimos não é o da criação de um espaço livre para um exercício asséptico de poderes. O que se quer é substituir um código moral por outro.

Leitura recomendada sobre o caso Buttiglione (1)

Uma Evolução Preocupante, por José Manuel Fernandes.

Um dos heróis da discussão parlamentar foi o mesmo que, na década de 70, quando trabalhava num infantário, descreveu assim algumas das suas experiências: "Às vezes acontecia que algumas crianças abriam a minha braguilha e começavam a acariciar-me. (...) Se insistiam, também as acariciava. (...) As meninas de cinco anos tinham aprendido como excitar-me. É incrível." Quando estas declarações antigas foram desenterradas pelos "media" falou-se de "caça às bruxas", pois o seu autor é, "apenas", o intocável Daniel Cohn-Bendit. Se, por acaso, fosse indicado para comissário do mesmo pelouro que Buttiglione, alguém imagina que se levantaria idêntica tempestade entre os deputados?

Kerry: "Compaixão" com o dinheiro dos outros

(Obrigado ao BrainstormZ pelo link)

Um interressante artigo sobre Kerry, datado de 1996, altura em que o Sen. John Kerry e o Gov. William Weld disputavam um lugar no Senado:

Kerry's charity gap

"Like many Democrats, Kerry excels at compassion rhetoric. His campaign
literature abounds with references to all the good causes he supports:
assistance for the elderly, jobs for at-risk teen-agers, treatment for sick
veterans, aid to struggling fishermen, even baseball for handicapped kids. When
he formally announced for reelection last month, he described the campaign as a
clash between those who advocate «turning against each other and those who
still believe we can triumph by turning to each other.»

(...)

One measure of a man's character is the way he spends his money. Since Kerry
and Weld both make a practice of releasing their tax returns, it is possible
for us to draw some conclusions about each man's personal financial priorities.

Last year, Weld (and his wife) reported adjusted gross income of $110,418. Of
that total, the Welds gave $24,010 -- almost 22 percent -- to charity. They
gave to the United Way and the Episcopal Church, to Rosie's Place and Globe
Santa, to Harvard College and Mt. Auburn Hospital, to Catholic Charities and
the Keene Valley Library, to the Salvation Army and the Special Olympics. All
told, they contributed to nearly three dozen charitable institutions great and
small.

Kerry's income in 1995 was somewhat higher than Weld's -- $126,179. But the
amount he reported giving to charity was considerably lower. He didn't give
anything. Zero dollars, zero cents.

Zero compassion?"

How low can you go?

Para a "demolição" do "bushismo", Rui Tavares apoia-se agora num "poderosíssimo hino anti-Bush" de... Eminem.

Assim vão as referências da esquerda...

Prgunta do dia (II)

Quem escondeu a chave a Gomes da Silva?
(roubada ao Barnabé)
Foi o momento televisivo de ontem: O Ministro a tentar abrir a porta que o libertaria das perguntas incómodas, a sua hesitação sobre se seria a da direita ou a da esquerda a que lhe daria a ansiada liberdade, e a sua "fuga", por entre repórteres e câmaras, até a porta do lado contrário.

Memo: a central de comunicações tem de contratar também alguns porteiros.

ESTRATÉGIA OU SIMPLES ASNEAR?

Dizem que Rocco Buttiglione é um homem muito inteligente. Extremamente culto. Distinto Professor de Filosofia. Segundo parece, é o chefe da organização Comunhão e Libertação - uma espécie de "Nova Rede" da Opus Dei. Alguns jornais já garantiram que é ele quem auxilia o Papa a escrever as Encíclicas.

Mas tem também uma longa carreira política, desde os anos 70. Foi ministro de Itália, onde a política não é um mundo terno e atreito a ingenuidades.

Sendo assim, é legítimo perguntar porque razão alguém com essas qualidades aproveitou as últimas semanas para afirmar uma torrente de disparates, exactamente nas vésperas da aprovação da lista de comissários pelo Parlamento Europeu?
Que bicho terá mordido o Prof. Buttiglione para que sentisse esta irreprimível pulsão de dizer - justamente agora! - que a homossexualidade é pecado e contra a natureza das coisas (o que terá pensado o colega inglês, o comissário Peter Mendhelson, deste anátema?), que as mães solteiras são uma espécie aberração social que põe em perigo a integridade dos seus rebentos, que a sua imagem acerca do papel das mulheres nos nossos dias corresponde à prioridade do seu dever de procriar incessantemente, devendo, assim, ficar por casa devidamente protegidas por um solícito macho, etc., etc.???

O anacronismo patente e a inoportunidade do Prof. Buttiglione só me parecem ter duas explicações possíveis:
1. O homem não tem o brilhantismo que todos lhe atribuem. Vive noutra época, não percebe a actual, é grosseiramente desastrado e fala antes de pensar.
É possível. Estou farto de verificar que luminárias muito publicitadas quando dizem o que realmente lhes vai na alma revelam coisas muito pequenas (relembro, a título de exemplo, a extraordinária entrevista do Reitor da Católica à RR, há cerca de 3 semanas).

2. O homem fez de propósito. Queria o martírio, a vitimização, ser chumbado por um putativo delito de opinião. Estrategicamente, ele e a sua organização pretendiam criar uma ruptura, uma fractura que trouxesse para a ribalta uma suposta "perseguição" dos laicos e dos "jacobinos" contra os homens de fé.

Quid juris?

Bush concentra-se na campanha interna

Ontem, o site da campanha de Bush só estava acessível aos residentes nos EUA. Trata-se de uma medida extremamente racional. Bush tem que apostar tudo na campanha interna. É que, no resto do mundo, já perdeu ...

Chumbo

Um grupo de Delegados na Assembleia Distrital do PSD-Porto apresentou uma moção crítica quanto à actuação do Governo na área da comunicação social e apelava a "medidas concretas que contrariem tal postura, que deverão passar pelo completo abandono da posição do Estado em órgãos de comunicação social, através da privatização da RTP e RDP e da venda da sua 'golden share' na PT". A moção foi chumbada, tendo apenas 4 votos.
De qualquer forma, é bom saber que existe ainda quem tenha coragem.

A origem do mal

"(...) E, portanto, além de depender do Estado o licenciamento [a televisão], também depende de circunstâncias económico-financeiras, nomeadamente do Governo para viver (...)"
Paes do Amaral, "citado" por Marcelo Rebelo de Sousa, no JN

Pergunta do dia

Alguém sabe qual é a percentagem de espectadores do canal 2 que o vêem através do cabo?

A crise europeia II - relembrando ALTIERO SPINELLI

....ou a importancia da (falta de) Sensibilidade e Bom Senso:

Por vezes, certos acasos aparentemente fortuitos, desencadeiam efeitos importantes e imprevisíveis. Alguns acontecimentos precipitam-se incontrolavelmente, a partir de situações acidentais.

A actual pré-crise institucional na União Europei, suspensa in extremis por José Manuel Barroso, tendo tido como pretexto inesperado as desastradas declarações de Rocco Buttiglione, arrisca-se a ficar na história da integração como um marco assinalável no progressivo reforço do estatuto político do Parlamento Europeu!

Daqui a alguns anos, quem se interesse pela história da Europa comunitária, talvez depare com personagens como o mencionado e polémico ex-futuro Comissário Italiano da Justiça e dos Assuntos Internos e José Barroso, ligadas involuntariamente à afirmação do papel (seja ele qual for!) do Parlamento Europeu.

Dito de outro modo: a partir de um caso que, na minha opinião, revela um manifesto déficite de «sensibilidade e de bom senso», pode avançar-se para um passo mais no ultrapassar de um outro deficite: o da afirmação e presença política do Parlamento, no contexto do funcionamento institucional comunitário.
Até certo ponto, um déficite de bom senso, poderá ajudar à superação de outro déficite (democrático)...

Foi contra esse déficite democrático ilustrado, na época (década de 1970 e 1980), pelas funções quase-decorativas do Parlamento (a única instituição comunitária, cuja composição resultava do voto directo dos cidadãos) que Altiero Spinelli trabalhou.

Spinelli foi um dos mais carismáticos Parlamentares Europeus, foi um político e (antes disso) jornalista de referência em Itália. Combateu o fascismo. Foi comunista. Foi ex-comunista. Foi assumidamente federalista. Criou o "clube do Crocodilo", em Estrasburgo (nome do restaurante onde ele e mais alguns deputados e políticos europeus se reuniam em tertúlia). Ele e o "clube do Crocodilo" estão na base da tentativa de um novo Tratado que garantisse um papel decisivo, sob o ponto de vista político, para o Parlamento Europeu e que acabou, no fim de contas, por dar origem ao bem menos ambicioso Acto Único Europeu de 1987. Spinelli morreu, porém, em 1986.

Agora, sem que o tenham querido, R. Buttiglione e José Manuel Barroso podem, tal como Altiero Spinelli, ter ajudado a um "virar de página" no funcionamento institucional da EU, caracterizado por (mais) um passo no sentido do reforço do papel político do Parlamento. A este propósito, parece-me muito lúcido este texto e esta reportagem.

Duas notas finais:

1. É justo relembrar que, ainda em Julho do corrente ano, Durão Barroso (ainda não assumidamente José Manuel Barroso)- talvez antevendo problemas como o do caso Buttiglione - tenha sugerido que os Estados-membros fornecessem, pelo menos, duas alternativas ao Presidente da Comissão, no que então respeitasse à indicação de Comissários (ou de potenciais Comissários)... Ninguém considerou, nem ninguém se lembrou mais da sua sugestão....até agora!

2. Há, contudo, problemas que se podem perspectivar, ainda que se conclua, de facto e mais tarde, que o "episódio Buttiglione" se saldou por uma efectiva vitória política do Parlamento Europeu.
Há mesmo quem chegue a falar no risco de uma "vitória de Pirro":

"Marco Incerti from the Centre for European Policy Studies feels that MEPs have «won a great battle».

However, he added «I am not sure they can win the war and even if they should».

He suggested that if the European Parliament were to gain «complete control over the Commission, you would probably see a situation where the member states would leave Brussels to itself».

«It's important that the member states remain engaged», says Mr Incerti
?.




Coloradans against a really stupid idea

O eleitores do Estado do Colorado vão referendar a emenda 36. Se aprovada, o Colorado deixará de eleger os seus representantes no Colégio Eleitoral, que por sua vez elege o presidente, pelo sistema maioritário e passará a elegê-los pelo sistema proporcional.

Os Coloradans against a really stupid idea ... acham que a ideia é mesmo estúpida. Actualmente o estado do Colorado vale 9 Eleitores para o vencedor. Se a emenda for aprovada, o Colorado passará a valer para os candidatos presidenciais 1 voto porque em eleições normais cada candidato conseguirá sempre 4 Eleitores.

Mas a ideia é ainda mais estúpida por outro motivo. Se aprovada, a emenda 36 aplica-se já a estas eleições. Os eleitores do Colorado podem assim influenciar a eleição presidencial de duas formas, directamente através do voto presidencial, e indirectamente através do referendo. Parece que os Republicanos, que estavam à frente nas sondagens eram contra a nova emenda. Mas agora que as sondagens pendem para o lado de Kerry, parece que as opiniões estão a mudar. Tudo isto pode acabar numa grande confusão porque o resultado do referendo pode ser determinante para a eleição do presidente. Como o resultado do referendo tem efeitos que podem ser considerados retroactivos, dado que, quando forem divulgados influenciam o valor dos votos já depositados, o Colorado poderá ser o palco de mais uma batalha legal.

27.10.04

Confianças (actual.)

"Não apresentei a demissão de director do Diário de Notícias e tenho todo o apoio do presidente do conselho de administração da Lusomundo Media, Miguel Horta e Costa", afirmou Fernando Lima, em declarações à Lusa." (Via Ponto Média)

E do presidente-executivo?

Actualização: Fernando Lima só permanece até ser encontrada uma nova solução directiva no curto prazo, disse Betencourt Resendes na Sic Notícias.
Nota: nenhum dos 2 jornalistas presentes "ousou" perguntar: e porque é que a direcção do DN vai ser substituída?

A crise europeia

A Itália anunciou hoje que Rocco Buttiglione continua a ser o seu homem para Comissão Europeia. Ainda que esta possa ser um afirmação de circunstância, modificável daqui a alguns dias (não foi à toa que José Barroso falou em semanas até à apresentação de nova proposta), a crise institucional está aí, com toda a força. Teria sido bem mais fácil a Barroso recusar Buttiglione antes da aprovação da lista final pelo Conselho do que agora. Agora, arrisca-se ele próprio a ser recusado.
Ana Gomes, no causa-nossa, fala no regresso da «Europa do debate ideológico e do confronto político» e afirma que «a hora dos compromissos centrões, moles e mal-cheirosos está em declínio».
Será assim? Ou este episódio mostrará, outrossim, que a Comissão Europeia está mesmo condenada aos «compromissos centrões, moles e mal-cheirosos»?
No actual estado das instituições comunitárias, só uma Comissão parda, politicamente correcta e ideologicamente neutra terá possibilidades de não ser chumbada pelo Parlamento Europeu.

Marcelo III

Reconheço. Fiquei verdadeiramnte impressionado com a entrevista de Pedro Pinto a Paes do Amaral na TVI. Foi certamente um momento raro e alto de televisão: um entrevistador acutilante, que colocou todas as perguntas que se impunham, que não deu espaço para "tempo de antena", que efectivamente procurou apurar os factos. Verdadeiramente notável. Sobretudo tendo em conta a pessoa que era: o patrão.
É certo que estava em causa o bom nome profissional dele e de todos os colegas. Mas ter o á vontade para colocar Paes do Amaral atrapalhado, tibuteante e perguntar directamente "há aqui duas versões de uma mesma conversa entre duas pessoas. Alguém está a mentir. Não acha Engº Paes do Amaral?", deve-se reconhecer que não é coisa ao alcance de todos.
Parabéns Pedro Pinto.

Santana ganha Congresso por falta de comparência

Ferreira Leite Não Vai ao Congresso do PSD

Ferreira Leite e Marques Mendes nem sequer conseguem ser eleitos delegados. Se fossem ao Congresso não teriam nem direito de voto nem direito a serem eleitos.

Marcelo II

Notável a intervenção de Marcelo.

Ficamos à espera do que Paes do Amaral tem para dizer e da demissão de José Eduardo Moniz e Miguel Sousa Tavares que se deixaram colocar em posições insustentáveis.

Marcelo

Revelou o que todos já tinham entendido.

Na versão soft do Diário de Notícias: "Marcelo explica-se"
Afinal, quem tem de explicar o quê?

Marcelo Rebelo de Sousa

O Professor não resisitu e abriu, finalmente, o livro, como soe dizer-se, para a Alta Autoridade, com a presença dos microfones (e presumo que também das câmaras) da imprensa.
Só um bocadinho da conversa: segundo Marcelo, Paes do Amaral, presidente da Media Capital, ter-lhe-á dito que "a televisão depende do Estado para viver e isso tem consequências no espaço de opinião"...

CUIDADO COM OS ESQUECIMENTOS...

... Porque são a origem de demasiadas confusões.
Por exemplo, no caso Buttiglione tenho visto muito boa gente a, levianamente, misturar os valores cristãos com a ideia de Liberdade.

Lembremo-nos que a civilização ocidental alcançou a Liberdade e um apreciável acervo de direitos fundamentais não por ser maioritariamente cristã MAS APESAR DISSO! Sobretudo nos países de tradição católica.

Inclusivamente, a génese moderna da liberdade religiosa (livre escolha do culto) resulta da conquista de um direito contra os fundamentalistas religiosos que queriam impor uma só opção. E tal só foi conseguido após múltiplas perseguições, muitos sacrifícios, e, à época, foi visto como uma clara derrota do pios defensores do "altar".

"Sem dignidade processual"

"É tudo arquivo morto, sem qualquer utilidade"

E tudo o vento levou

Fernando Lima demite-se de director do Diário de Notícias (via Amor e Ócio)
É sempre chato saber pela praça pública que nos querem demitir.
Repete-se: enquanto o Estado for acccionista de referência ou proprietário de empresas de comunicação social, os respectivos directores/gestores correrão sempre o risco de acusação de serem comissários políticos.

Notícias relacionadas:
- Inaceitável usar os media contra o PSD
- Ministra demite dois administradores do CCB (tensões e divergências são inaceitáveis num orgão colectivo...?)

Kerry e o protocolo de Quioto

Vital Moreira, na sua crónica de ontem, prevê que se Bush for eleito os EUA continuarão fora do protocolo de Quioto:

Com mais quatro anos de Bush e do seu séquito na Casa Branca os Estados Unidos continuariam militantemente hostis a um numeroso conjunto de convenções internacionais de valor essencial para o mundo de hoje, designadamente o Protocolo de Quioto sobre a limitação das emissões de gases com efeitos de estufa [...]


Claro que a solução para isto só pode ser votar no-Bush. Só que o no-Bush na realidade chama-se Kerry e até tem algumas ideias políticas:

Kerry renuncia ao protocolo de Quioto:

Kerry renounces Kyoto treaty while backing measures to impose its controls

Kerry votou contra o protocolo de Quioto no Senado:

Kerry's flip-flop on global warming

John Kerry is now severely criticizing President Bush for withdrawing from the Kyoto Protocol. On July 25, 1997, however, he joined 94 other Senators who voted for Senate Resolution #98, which says that the U.S. should not ratify the Kyoto Protocol if: (1) it did not impose restrictions on developing countries; and (2) it would "would result in serious harm to the economy...."


Kerry quer rever o protocolo de Kyoto:

Kerry wants to revise Kyoto Protocol:

"The fact is that the Kyoto treaty was flawed," Kerry said in his second one-on-one debate with President George W Bush ahead of the Nov 2 election. "This president didn't try to fix it. He just declared it dead, ladies and gentlemen, and we walked away from the work of the 160 nations over 10 years. The president's done nothing to try to fix it. I will."


Claro que Kerry pode tentar corrigir o protocolo de Quioto, pode voltar à mesa das negociações. Mas com quem? É que o tratado já foi ratificado pelos países europeus. Estes países vão negociar o quê? E mesmo que Kerry queira voltar à mesa das negociações, a palavra final cabe ao Senado.

Lição do dia: mais importante que votar no-Bush é tentar perceber o que no-Bush quer ou pode fazer.

DURÃO EVITA A "DEROCCADA" À ULTIMA HORA

Nunca duvidei que o proverbial pragmatismo de Durão Barroso prevalecesse.

Mas resta uma dúvida: para além do desejo de martírio, comum a todos os fanáticos, qual o objectivo de Rocco Buttiglione e da organização fundamentalista de que depende em tentarem provocar dolosamente uma das maiores crises da história da UE???

Votos

Quem entende que o sistema eleitoral federal norte-americano é uma aberração democrática, levante a mão.

Um momento, vamos contar.... muito bem, podem baixar a mão.

Agora, só para os que votaram sim.

Quem defende a aprovação da actual proposta de Constituição europeia?

Ena..., tantos....!

Perigo público

Por esta não esperava.
Eu, a ter uma certa compreensão pela aversão de Chirac por este homem:
"Sarkozy defende financiamento pelo Estado da construção de mesquitas em França"

Como seria difícil votar em França...

26.10.04

Salazar era um homem de princípios

EUA: Salazar rejeitou mil milhões de dólares em troca da independência das colónias

Resultado: 13 anos de guerra colonial, milhares de mortos, dezenas de milhar de feridos e traumatizados de guerra, 1 milhão de retornados, duas guerras civis, milhões de mortos e refugiados, fome, atraso económico.

Leitura recomendada

Fernando Pessoa, elasticidade e eu, no elasticidade.

O futuro não é igual ao passado III

Na antiguidade, os astrólogos que fizessem previsões erradas corriam o risco de perder a cabeça. Não havia, obviamente, bons e maus astrólogos. A astrologia é uma treta. Mas alguns conseguiam sobreviver, porque tinham sorte, ou porque faziam previsões ambíguas.

Nas democracias passa-se mais ou menos o mesmo. Os governantes perdem as eleições sempre que as coisas correm mal e conservam o poder sempre que correm bem. Não há, evidentemente bons governantes, capazes de dirigir a economia e a guerra de forma magistral, e maus governantes incapazes de fazer o que quer que seja. O que há é governantes com sorte, que governam em tempos de paz e expansão económica, governantes com azar, que governam em tempos de recessão e que têm que enfrentar problemas difíceis e governantes oportunistas que sabem aproveitar as circuntâncias para iludir os eleitores.

O futuro não é igual ao passado II

1945: Churchill loses general election

Todos os votos são iguais, mas alguns são mais iguais do que outros

É muito curioso que aqueles que depositam toda a sua fé na democracia como poder ilimitado do povo sejam precisamente os mesmos que dão mais valor aos votos dos editores de jornais e das elites urbanas de Nova York e Hollywood do que aos votos dos fundamentalistas cristãos do Bible Belt.

UM PRESENTE PARA OS BUSHISTAS

Para ver na íntegra o vídeo Stolen Honor clique aqui.

A totally different way...

(via No Quinto dos Impérios)

John Hospers, fundador e primeiro candidato presidencial do Libertarian Party, apoia Bush

LIBERTARIAN PARTY FOUNDER ENDORSES BUSH
A Letter from Elder Statesman John Hospers

AN OPEN LETTER TO LIBERTARIANS


There is a belief that's common among many libertarians that there is no essential difference between the Democrat and Republican Parties -- between a John Kerry and a George W. Bush administration; or worse: that a Bush administration would be more undesirable. Such a notion could not be farther from the truth, or potentially more harmful to the cause of liberty.

The election of John Kerry would be, far more than is commonly realized, a catastrophe. Regardless of what he may say in current campaign speeches, his record is unmistakable: he belongs to the International Totalitarian Left in company with the Hillary and Bill Clintons, the Kofi Annans, the Ted Kennedys, and the Jesse Jacksons of the world. The Democratic Party itself has been undergoing a transformation in recent years; moderate, pro-American, and strong defense Senators such as Zell Miller, Joe Lieberman and Scoop Jackson are a dying breed. Observe how many members of the Democrat Party belong to the Progressive Caucus, indistinguishable from the Democratic Socialists of America. That caucus is the heart and soul of the contemporary Democratic Party.

(...)

There are already numerous stories of brownshirt types committing violence against Republican campaign headquarters all over the country, and Democrat thugs harassing Republican voters at the polls. Yet not a word about it from the Kerry campaign. Expect this dangerous trend to increase dramatically with a Kerry win, ignored and tacitly accepted by the liberal-left mainstream media. This is ominous sign of worse things to come.

(...)

When the stakes are not high it is sometimes acceptable, even desirable, to vote for a "minor party" candidate who cannot possibly win, just to "get the word out" and to promote the ideals for which that candidate stands. But when the stakes are high, as they are in this election, it becomes imperative that one should choose, not the candidate one considers philosophically ideal, but the best one available who has the most favorable chance of winning. The forthcoming election will determine whether it is the Republicans or the Democrats that win the presidency. That is an undeniable reality. If the election is as close as it was in 2000, libertarian voters may make the difference as to who wins in various critical "Battle Ground" states and therefore the presidency itself. That is the situation in which we find ourselves in 2004. And that is why I believe voting for George W. Bush is the most libertarian thing we can do.

We stand today at an important electoral crossroads for the future of liberty, and as libertarians our first priority is to promote liberty and free markets, which is not necessarily the same as to promote the Libertarian Party. This time, if we vote libertarian, we may win a tiny rhetorical battle, but lose the larger war.

O futuro não é igual ao passado

Em 1945, Winston Churchill perdeu as primeiras eleições legislativas inglesas após a guerra. Os trabalhistas tiveram 48% dos votos e os conservadores tiveram 36%. O que é que determinou o resultado desta eleição, a performance de Churchill durante a Segunda Guerra Mundial, ou as conjecturas dos eleitores sobre a sua capacidade para liderar o país em tempo de paz? Devemos concluir que a maior parte do eleitorado estava insatisfeito com a forma como Churchill conduziu a Inglaterra durante a guerra?

Corporativismos

Um certo sindicato profissional convocou uma greve contra determinadas condições de trabalho junto de um certo conjunto de entidades patronais. As entidades patronais em causa integram o chamado "sector empresarial do Estado".
Para tentar resolver os problemas que determinaram a greve, foi agendada uma reunião.
Naturalmente, em tal reunião, deveriam ter participados os trabalhadores grevistas, representados pelo(s) respectivo(s) sindicato(s) e as entidades patronais, eventualmente representados pela(s) associação(ões) representativa(s) do sector.
Todavia, os participantes em tal reunião - em que se discutiu um «ACORDO COLECTIVO DE TRABALHO» - foram, do lado dos "trabalhadores", a direcção de uma ordem profissional e, do lado das entidades patronais, o sr. Ministro da Saúde.

Nos termos do respectivo estatuto (aprovado por diploma de natureza legal), compete à ordem profissional em causa "promover a defesa da qualidade dos cuidados de enfermagem prestados à população, bem como o desenvolvimento, a regulamentação e o controlo do exercício da profissão de enfermeiro, assegurando a observância das regras de ética e deontologia profissional.".
Acessoriamente, «incumbe ainda à Ordem representar os enfermeiros junto dos órgãos de soberania e colaborar com o Estado e demais entidades públicas sempre que estejam em causa matérias relacionadas com a prossecução das atribuições da Ordem, designadamente nas acções tendentes ao acesso dos cidadãos aos cuidados de saúde e aos cuidados de enfermagem.»

Se agora são as ordens profissionais quem negoceia os ACT's, para que servem o sindicatos nas profissões «auto-reguladas»? Para convocar greves?

Parabéns


O Jumento comemorou o seu primeiro aniversáro há três dias, de acordo com o seu complicado sisitema de arquivo (ainda que o autor estabeleça o nascimento no dia 2 de Novembro).
Em todo o caso, atrasados ou antecipados, aqui ficam os votos de continuação de excelentes coices.

Comissários

Enquanto o Estado detiver a propriedade ou uma quota qualificada em empresas detentoras de orgãos de comunicação social, quem quer que seja nomeado para a sua direcção (empresa/orgão), será sempre acusado de ser um comissário político.

Notas sobre as eleições americanas

1. 50% dos americanos não votam nas presidenciais. Eles, que estão na América lá terão as suas razões?

2. Qual é a posição de Kerry sobre Guantanamo?

3. Qual é a solução miraculosa de Kerry para o Iraque?

4. É uma má ideia usar o voto para punir a performance passada. Os eleitores devem decidir com base em conjecturas acerca da performance futura de cada candidato. O passado já passou.

Serviço Público e despesa (pouco virtuosa)...

...a propósito da RTP.

Um artigo de Luis Rocha, no "O comércio do Porto", ainda no rescaldo (a pretexto) do caso "Marcelo".

Bush, apesar de tudo

Contrariamente aos meus amigos CAA e Gabriel, eu acho que, apesar de tudo, uma vitória de Bush seria um resultado preferível a uma vitória de Kerry. É verdade que no primeiro mandato de Bush houve muito pouco que possa agradar a conservadores ou liberais, mas creio que caso Kerry seja eleito as coisas tenderão a ser ainda piores. Kerry pertence à ala esquerda do Partido Democrata e, mesmo esperando uma viragem ao centro no caso de ser eleito, creio que podemos esperar políticas ainda mais estatistas e "socializantes" do que as da corrente Administração. Numa lógica de evitar o mal maior, sinto-me compelido a preferir uma nova vitória de Bush, desejando que o seu segundo mandato possa ser, a nível interno e externo, bem mais consonante com os princípios liberais e com a tradição do conservadorismo americano.

Discordo radicalmente de Pat Buchanan em muitos aspectos, incluindo em matéria de política económica e, especialmente, no que diz respeito às vantagens do livre comércio internacional mas recomendo fortemente a leitura do artigo na American Conservative em que este declara, apesar de tudo, apoiar Bush:

The only compelling argument for endorsing Kerry is to punish Bush for Iraq. But why should Kerry be rewarded? He voted to hand Bush a blank check for war. Though he calls Iraq a "colossal" error, "the wrong war in the wrong place at the wrong time," he has said he would - even had he known Saddam had no role in 9/11 and no WMD - vote the same way today. This is the Richard Perle position.

Assuredly, a president who plunged us into an unnecessary and ruinous war must be held accountable. And if Bush loses, Iraq will have been his undoing. But a vote for Kerry is more than just a vote to punish Bush. It is a vote to punish America.

For Kerry is a man who came home from Vietnam to slime the soldiers, sailors, Marines, and POWs he left behind as war criminals who engaged in serial atrocities with the full knowledge of their superior officers. His conduct was as treasonous as that of Jane Fonda and disqualifies him from ever being commander-in-chief of the Armed Forces of the United States.

As senator, he voted to undermine the policy of Ronald Reagan that brought us victory in the Cold War. He has voted against almost every weapon in the U.S. arsenal. Though a Catholic who professes to believe life begins at conception, he backs abortion on demand. He has opposed the conservative judges Bush has named to the U.S. appellate courts. His plans for national health insurance and new spending would bankrupt America. He would raise taxes. He is a globalist and a multilateralist who would sign us on to the Kyoto Protocol and International Criminal Court. His stands on Iraq are about as coherent as a self-portrait by Jackson Pollock.


E, assim sendo, no que diz respeito às presidenciais americanas, a contagem apurada até ao momento no Blasfémias é a seguinte:

Bush: 1
Kerry: 1
Brancos e nulos: 1

Faltam 8 dias

Voto popular (cotações no mercado de futuros):



Colégio eleitoral (obtido a partir de sondagens realizadas em cada estado):

25.10.04

As eleições USA'04

Felizmente não tenho de votar. Felizmente, porque é sinal de que ainda não vivo num império. Quando quiser votar, emigro. Ou melhor: quando emigrar, voto.
Evidentemente, dada a supremacia e influência cultural, económica, política, militar e tecnológica (os 5 poderes) dos EUA relativamente ao resto do mundo, o que ali se passa não me indiferente. Até porque de uma forma ou de outra acaba por afectar a minha vida.

Posto isto, o que dizer dos 2 principais candidatos?
George Bush tem uma veia intervencionista e estatista que me desagrada profundamente. Seja na vertente económica interna, seja na moral, seja sobretudo em matéria de política externa. E acresce que os resultados das suas políticas intervencionistas são péssimos. Em matéria de política externa, foi um desastre a preparação diplomática para a guerra do Iraque. As operações no terreno denotaram uma evidente falta de meios humanos, nomeadamente para a concretização de um imediato desarmamento. Cometeu erros grosseiros durante a ocupação, como seja a dissolução das forças militares. E demonstrou não ter um plano estratégico e operacional para o pós-guerra, insistindo em erros infantis, como seja o de realizar eleições legislativas, antes das autárquicas, manter o número de tropas a um nível baixíssimo, e o de aceitar demasiadas cedências aos poderes instalados, que por ausência das forças laicas do exército, restou apenas uma outra instituição: os religiosos.

Pelo que li dos programas do candidatos e pelo que deu para perceber da personalidade de Kerry e Bush, parece-me que, embora com nuances, os EUA manterão a sua linha política e económica seja quem for que ganhe as eleições. Kerry não é um candidato anti-Bush, ou anti-sistema. É simplesmente uma alternativa de cariz pessoal, de feitio de linguagem, de maneiras. Na essência, não creio que altere a política externa norte-americana em caso de vitória.

Mas o sistema democrático não foi desenhado para escolher a melhor candidatura, o melhor programa. Não. As eleições servem para, de forma pacífica, se poder retirar do poder quem se entende que não governa bem. Neste particular, continuo a preferir a vitória de Kerry e a derrota de Bush.

E desejo sinceramente tal, por um simples motivo: Guantanamo.
George W. Bush criou uma situação perfeitamente escandalosa. É triste demais por ter sido criada pela democracia mais antiga, mais enraízada e evoluída do mundo, colocando em causa os seus próprios fundamentos. O que ali se passa raia o inacreditável: como é possível , numa democracia criar um sub-sistema, um guetho onde a pessoa como que não existe para qualquer efeito externo, não tem direitos, não lhe é reconhecida a dignidade, ainda que de inimigo, não lhe é permitida a utilizaçao dos mecanismos legais das Convenções internacionais, ou da Constituição? Até os escravos tinham algumas regras, nem que fossem as que regulavam a propriedade. Em Guantanamo não existe nada. Nem dignidade, nem liberdade, nem defesa, nem direito. Nada de nada. O presidente Bush, num acto perfeitamente ilegal e caricatural, entendeu criar ele próprio um regime acusatório, umas semi-garantias jurídicas, uns juizes, acusadores e tribunais, sem qualquer enquadramento jurídico independente. Ele acusa, ele julga, ele "defende". É uma verdadeira afronta a quem acredita na liberdade e nos valores e práticas democráticas. E será por Guantanamo que George W. Bush será tristemente conhecido na História. Ganhe ou não as próximas eleições.
E sobre isso, infelizmente, Kerry nada disse. Teria feito toda a diferença.

Aviso

Mediante as sondagens e as previsões que se podem actualmente realizar para os resultados das eleições americanas (para todos, ver a GLQL), creio sinceramente que qualquer que seja o candidato vencedor, este tem toda a probabilidade, de ter sempre menos votos populares do que o candidato derrotado. Tal como há 4 anos.
Portanto, fica o aviso a todos quantos gritaram e ainda gritam que o mandato de GWB foi "roubado": podem ter de engolir as palavras ou ir a correr a apagar o que foi escrito. Se calhar ainda vamos ver muitos defensores do sistema eleitoral federalista norte-americano.

LEITURA IMPRESCINDÍVEL

Arrivederci, Prodi, no Quid Rides?

Regra de bolso

Por muito que isso custe ao CAA, João César das Neves é inquestionavelmente uma das pessoas mais esclarecidas (e liberais) a escrever sobre economia nos jornais em Portugal. O seu último artigo no DN é disso um excelente exemplo:

Para avaliar Orçamentos de Estado, há vários anos que uso uma regra simples: olhar para o que aconteceu ao total da despesa pública. Esquecer as parcelas e considerar, antes de mais, o total dos totais, a soma de todos os montantes gastos pela globalidade do Sector Público Administrativo (que inclui Estado, Fundos e Serviços Autónomos, Administração Regional e Local e a Segurança Social). Se esse valor desceu, o Orçamento é bom; se se manteve ou subiu, o Orçamento é mau; se subiu muito e, sobretudo, se subiu em percentagem do PIB, o Orçamento é péssimo.

(...)

O défice é muito importante. Representa o endividamento líquido do Estado, o seu contributo para a absorção da poupança nacional. É isso que afecta o lado nominal da economia, o crédito, as taxas de juro e de câmbio. Mas todo o dinheiro que o Estado gasta é nosso, pois ele nada produz. Assim, a parte que nos retira por impostos não é mais agradável do que aquela que nos leva em empréstimos. Porquê olhar apenas para esta última e dirigir todos os esforços a controlá-la? O que se deve fazer é dirigir a atenção para a factura total e, ao controlar a despesa, diminuir consequentemente o défice.


Leitura integral recomendada a todos, incluindo aos anti-católicos...

CLARA FERREIRA ALVES DESISTIU

Ainda bem.
Uma lição para saber actuar neste presente.

Desconstrucionário de Derrida na Economist

Muito divertido o obituário desconstrucionário de Derrida na Economist:


Mr Derrida himself disagreed with pretty much everything anyone said about him;[...] The inventor of ?deconstruction??an ill-defined habit of dismantling texts by revealing their assumptions and contradictions?was indeed, and unfortunately, one of the most cited modern scholars in the humanities.



The academy is often fractious, but this was different. It is not that Mr Derrida's views, or his arguments for them, were unusually contentious. There were no arguments, nor really any views either. He would have been the first to admit this. He not only contradicted himself, over and over again, but vehemently resisted any attempt to clarify his ideas. ««A critique of what I do»», he said, ««is indeed impossible.»»


Subjected to his weak puns (««logical phallusies»» was a famous example), bombastic rhetoric and illogical ramblings, an open-minded reader might suspect Mr Derrida of charlatanism. That would be going too far, however. He was a sincere and learned man, if a confused one, who offered some academics and students just what they were looking for.


Although by the early 1980s French academics had largely tired of trying to make sense of him, America's teachers of literature increasingly embraced Mr Derrida. Armed with an impenetrable new vocabulary, and without having to master any rigorous thought, they could masquerade as social, political and philosophical critics.


In his final years he became increasingly concerned with religion, and some theologians started to show interest in his work. God help them.

Hoje

SE EU FOSSE AMERICANO...


Votava em quem?
Em princípio não deveria ter grandes dúvidas. O meu liberalismo coaduna-se com grande parte das ideias do partido republicano - o partido de Ronald Reagan. Nomeadamente quanto à defesa da liberdade individual e à higiénica indispensabilidade de manter o Estado dentro dos estritos limites que o impeçam de a ameaçar. Tal como os republicanos, não acredito nas virtudes do Estado Providência - hoje mantido artificialmente pelas crenças quase metafísicas em que resvalou o comodismo europeu, um morto-vivo à espera que alguém assuma que é já tempo de se desligar a máquina e descobrir como é que se vai pagar a conta hospitalar. Admiro o patriotismo americano que contrasta com a anestesia "social" da Europa. E se me assusto (muito) com a preponderância das seitas religiosas fanáticas na campanha dos republicanos, a generalidade das soluções americanos, em praticamente todas as áreas, parecem-me preferíveis às europeias. E os republicanos são os grandes responsáveis pelo êxito da singularidade americana.
Depois existe outra razão que não consigo superar: trata-se da campanha anti-Bush que é a movimentação de marketing mediático mais vergonhoso a que assisti. Cada vez que vejo um "inteligente" europeu ou um bem-pensante de qualquer lado atacar aspectos pessoais do actual presidente sinto uma onda irreprimível de simpatia com George W. Bush. Considero que o filme de M. Moore (que me surpreendeu pela sua patente parcialidade, pelo bafo de ódio que exala) deve ter causado muitas sensações semelhantes à que senti - exactamente a contrária ao pretendido pelo seu detestável autor.

Nada me liga aos democratas americanos. Kennedy foi um fraco (beatificado pela morte) demagógico e perigoso que pôs o mundo à beira do desastre quando Krutchev lhe mediu o pulso. Jimmy Carter foi o homem do diálogo guterrista avant la lettre que falhou em todos os planos da sua Administração, enquanto o urso soviético ganhava o jogo com batota. Clinton era um irresponsável que potenciou todos os perigos do terrorismo enquanto se entretinha em questões menores e trazia para a praça pública os soap drama da sua vida familiar.
Apesar de tudo, em comparação, apesar da sua inconstância, Kerry não me parece mau de todo. Aliás julgo que o perigo maior passou a partir do momento em que o "Senhor do Berro" foi eliminado nas primárias do partido democrata. Mas Kerry propõe um modelo de sociedade em que não me reconheço - até porque vivo imerso numa das suas tentativas frustradas. Kerry é alguém que tacitamente renega a tradição americana e está pronto a embarcar na lógica decadente da Europa. É, sem dúvida, o candidato querido dos homúnculos que actualmente dirigem o velho continente. Depois arrasta atrás de si uma quantidade considerável de lixo ideológico - não apenas o seu próprio, mas das múltiplas tendências dos seus apoiantes. O execrando folclore do circo anti-Bush assentou arraiais na campanha dos democratas. Se for eleito, na boa tradição dos presidentes democratas, Kerry será um adversário das decisões, estará em estado permanente de hesitação, voltará atrás com as sua medidas mais ousadas, ouvirá o conselho de Chirac e quejandos. Ao mesmo tempo abrirá as portas para os ideólogos da esquerda (pouco) reciclada que, na sua Administração, cedo farão o papel que os neo-cons presentemente assumiram.

Em suma, tudo me afasta de Kerry e tudo me aproxima de Bush.

Mas há o Iraque. E este "mas" não é tão pequeno como gostaria.
Sinto-me grosseiramente enganado nas motivações que foram avançadas para a invasão.
Sinto-me inquieto quando verifico a falta de talento da Administração americana no Iraque do chamado pós-guerra.
Sinto-me aviltado pelos acontecimentos nas prisões iraquianas e em Guantanamo.
Sinto-me enfurecido quando vejo Rumsfeld a tentar abafar esses casos.
Sinto-me intimidado quando assisto a prestações vergonhosas do mesmo Rumsfeld perante duas comissões de inquérito (9/11 e Abu Grahib).
Sinto-me desmotivado quando ainda o mesmo Rumsfeld diz que podem existir eleições livres em apenas certas parte do Iraque mas que isso «é melhor que nada».
Sinto-me assustado quando concluo que todos os muitos inimigos de Sadham estão agora unidos contra os "libertadores".
Sinto-me aterrorizado quando percebo que esta Administração não tem qualquer solução para o vespeiro que atiçou, que se comportam como amadores que não conhecem a história, nem entendem o mundo em que estão.

Quem fez o que fez e faz no Iraque não merece ganhar as eleições. E Kerry também nada fez para lograr a vitória.
Se eu fosse americano NÃO votava em nenhum dos actuais candidatos.

Porto, "Porto Vivo (Sru)", Porto Discutido!

Hoje, a Assembleia Municipal do Porto, terá ocasião de, pela segunda vez, pronunciar-se e votar os estatutos da Porto Vivo - a Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU) projectada para esta cidade.

Em torno desta concreta SRU, desenvolveu-se um interessante debate no "A Baixa do Porto".

Já não tanto sobre a concreta SRU projectada para o Porto, mas sim, numa perspectiva mais ampla e crítica da intervenção precipitada do Estado (e, sobretudo, passível de por em causa princípios e liberdades fundamentais dos cidadãos), também aqui (e, aqui, sobretudo, com os textos de CAA) se foi discutindo (a pretexto) da Porto Vivo, as SRU's e, sobretudo, o DL 104/2004 que as institui. Neste sentido, por exemplo, o post de anteontem "SRU's (novamente) e «concursos públicos"» - cujas conclusões, aparentemente, não parecem preocupar ninguém (leia-se, nenhuma força política)...por enquanto.

Ora, não sei o que vai suceder hoje, á noite, na Assembleia Municipal do Porto. Concordo com aquilo que alguns comentadores do "A Baixa do Porto" acabaram por referir: por um lado, o processo político terá sido mal conduzido; por outro, as decisões meramente tácticas de politiquice local acabam por (não sendo justificáveis) pôr em causa um instrumento de reabilitação urbana muito importante. Apesar de tudo, também não concordo inteiramente com a apologia quase obsessia-militante e mesmo, por vezes, a-crítica, a roçar o messiânico, com que alguns comentadores que passam pelo " A Baixa do Porto", têm, ultimamente, vindo a defender a criação da Porto Vivo em particular e, presumo, das SRU's tal como estão regulamentadas (DL 104/2004), em geral.

No entanto, na minha perspectiva, convém, apesar de tudo, não sobrevalorizar as virtualidades das SRU's. Independentemente da importância da chegada a "bom porto", o mais depressa possível, da Porto Vivo, importa não esquecer uma série de problemas de fundo que, por exemplo, no caso particular desta cidade, estão a montante da própria "Baixa" do Porto e dos seus problemas e que, no fundo, no fundo... são mais consequência e sintoma da doença, do que a doença propriamente dita! Desde logo, - e só para nomear alguns en passant,pois o resto ficará para post oportuno e ulterior* - a falta de uma perspectiva e definição estratégica do que se pretende para a cidade (da qual a "Baixa" faz parte importante, mas não a esgota), a causa da desertificação, em termos de habitação, da cidade em geral (que tem perdido, pelo menos, cerca de 10.000 residentes por década) e da "Baixa" em particular, a falta de projectos ambiciosos e de iniciativas económicas de vulto que tragam investimento directo para a cidade, a "capitalizem", etc., etc.

Importa não esperar pela SRU messianicamente...porque, por muito que ela ajude (e, tendo essa convicção e esperança, vamos esperar para ver, em concreto, os resultados da sua actuação), é apenas um instrumento (problemático e com muitos engulhos, numa certa perspectiva, jurídicos) de reabilitação....e o problema de fundo está naquilo que tornou tão premente, agora, essa necessidade de reabilitação urbana!


(* dando sequência ao post "A Baixa -Parte I")








As eleições USA?04

Felizmente não tenho de votar. Felizmente, porque é sinal de que ainda não vivo num império. Quando quiser votar, emigro. Ou melhor: quando emigrar, voto.
Evidentemente, dada a supremacia e influência cultural, económica, política, militar e tecnológica (os 5 poderes) dos EUA relativamente ao resto do mundo, o que ali se passa não me indiferente. Até porque de uma forma ou de outra acaba por afectar a minha vida.

Posto isto, o que dizer dos 2 principais candidatos?
George Bush tem uma veia intervencionista e estatista que me desagrada profundamente. Seja na vertente económica interna, seja na moral, seja sobretudo em matéria de política externa. E acresce que os resultados das suas políticas intervencionistas são péssimos. Em matéria de política externa, foi um desastre a preparação diplomática para a guerra do Iraque. As operações no terreno denotaram uma evidente falta de meios humanos, nomeadamente para a concretização de um imediato desarmamento. Cometeu erros grosseiros durante a ocupação, como seja a dissolução das forças militares. E demonstrou não ter um plano estratégico e operacional para o pós-guerra, insistindo em ue me seduz em ti!

"Constituição" Europeia: de fora para dentro.

Lendo a imprensa internacional, ficamos a saber, por exemplo, que em declarações ao Allgemeine Zeitung, Santana Lopes e Gomes da Silva projectam já uma data para a realização do referendo, em Portugal, sobre a "constituição" europeia: 10 de Abril do próximo ano.

Ainda existem muitas coisas nada despiciendas para acertar, designadamente,(porMAIOR) uma mais do que previsível revisão constitucional excepcional que permita referendar-se, em concreto, este Tratado, sem por em causa o princípio-regra que, entre nós, existe (o da impossibilidade de se sujeitarem a referendo, quer Leis, quer Tratados Internacionais - enquanto tais).

A não ser, portanto, que os nossos citados governantes voltem a mudar de opinião (e pressupondo que a resposta aos jornalistas estrangeiros não terá sido só para "alemão ver"!), já temos data para o referendo (apesar de tudo o que ainda falta fazer em termos de condições técnicas e políticas) e, sobretudo, parece que, definitivamente (e ao contrário de algumas posições anteriores mais erráticas, da "maioria", sobre o assunto), teremos mesmo referendo...

Em Inglaterra, a data também já está marcada: Março de 2006, estrategicamente após a Presidência inglesa da UE.



Dembo Cissé Cassama e o Benfica

SE O BENFICA CUMPRIR GARANTO O CAMPEONATO

O ?CM? descobriu Dembo Cissé Cassama na Guiné e o sábio aceitou desvendar a sua ligação com o Benfica. Só os seus métodos e as verbas envolvidas ficam no segredo. Mas deixa uma promessa.

Ser insubmisso

Por feliz sugestão do blasfemo CAA, li os Princípios de Ciência Política de JAM e venho por este meio confirmar publicamente que não encontrei nenhum indício de que o respectivo autor coma criancinhas liberais à ceia.

24.10.04

LEMBRAM-SE DESTA NOTÍCIA?

No passado dia 7 escrevi isto: «Clara Ferreira Alves pode ser a próxima directora do Diário de Notícias».
Pelos vistos o Expresso também lê o Blasfémias. E ainda há quem se admire...

ALMOÇOS ALTERNATIVOS, PROCURAM-SE

Cavaco Silva apoia o Governo na imposição de portagens nas SCUT's, porque «não há almoços grátis» parafraseando aquele autor de artigos religiosos que semanalmente reza no DN.

Mas, logo, o ex-primeiro-ministro acrescenta que «admite excepções, como no caso da Via do Infante, por falta de alternativas».

Pois. E, já agora, em nome dessa coerência, agradecia que me indicassem as alternativas à IP3, à IC1 Porto - Viana, etc.
Ou a excepção é sempre a que passa à nossa porta?

Propaganda e poesia

Apesar de não concordar com parte importante do que aí está escrito e de lamentar os termos em que é feita a referência a Ann Coulter, recomendo a leitura do post Propaganda e poesia, no BdE (II).

"Cheque - cirurgia"

Uma ideia aparentemente interessante ("vale-cirurgia")

Além do mais (dos objectivos imediatos anunciados), permitirá introduzir um acréscimo de concorrência, no sector. Só peca por ser subsidiária e por não se generalizar a todos os sectores do SNS.