As disputas políticas são sempre disputas entre duas ou mais facções sobre o controlo de recursos escassos. Se os recursos não fossem escassos não haveria disputa. É ainda uma disputa não produtiva. A disputa política não cria novos recursos, permite apenas que se decida quem controlará um recurso que já existe.
Dois exemplos:
Na questão dos cruxifixo, a disputa é entre os que acham que as salas de aula podem ser utilizadas para expôr crucifixos e aqueles que acham que não podem. Note-se que, apesar de poderem coexistir escolas com cruxifixos e escolas sem cruxifixos, não é possível que a mesma sala de aula possa, ao mesmo tempo, ter e não ter um cruxifixo.
Na questão dos impostos, a disputa é entre os que acham que o estado deve dispôr da riqueza produzida por privados e aqueles que acham que os próprios privados devem poder usufruir da sua própria riqueza. Note-se, mais uma vez, que a riqueza produzida pode ser repartida entre o estado e os privados de acordo com uma ou outra taxa de impostos. Mas uma mesma quantidade de riqueza ou é consumida pelos privados ou pelo estado. Isto é, a taxa de impostos não pode ser simultaneamente X e Y.
Após a disputa política, ou paralelamente à disputa política, o recurso poderá ser usado produtivamente. Mas isso deve-se a actividades comerciais paralelas à política e não à actividade política propriamente dita.
