24.1.06

Notas Finais

1. Estão a votar nas duas freguesias em que, no passado Domingo, grupos de cidadãos voltaram a sobrepor o seu direito à indignação à liberdade dos outros. "Se o presidente da junta não me arranja os esgotos, o Chico não vota". Puro terceiro mundismo, este tipo de atitude que sempre teve ilustres adeptos cá em Portugal.

2. Já se sabe, nem todos os candidatos têm muito jeito para contas. Imagino as perguntas, esta manhã: "Ó Maria... telefona aí ao Coelho e pergunta-lhe se ainda vai dar para apanhar o Alegre...", ou "E esta gente lutadora, terá na ponta das suas canetas o alento que amplificará a voz num grito de gargantas que clamam pela segunda volta?"

3. No último dia de campanha, Jerónimo de Sousa falava nos "neo-liberais que aplaudem a política de aumentos de impostos de Sócrates". Que confusão. Se aqueles a quem Jerónimo chama ignorantemente neo-liberais são simplesmente liberais, ninguém mais do que eles está contra o aumento de impostos. E a confusão de Jerónimo é ainda maior porque quem quer aumento de impostos é quem pede mais despesa pública e mais intervenção do estado e nesse grupo inclui-se sempre o partido do Jerónimo.

4. Enquanto a campanha nos distraía, a despesa pública do sub-sector estado continuava a crescer a ritmos insustentáveis, no primeiro ano de contenção socialista.

"Do lado da despesa registou-se um aumento de 8,2% no ano passado, face a 2004, para os 41,5 mil milhões de euros. Este aumento resultou da conjugação de uma expansão da despesa corrente em 8,8%, para 38 mil milhões de euros, e da de capital em 1,6 por cento, para 3,4 mil milhões de euros."

E ainda faltam as autarquias. E a OTA e o TGV. Continuem assim. O abismo é já ali à frente.