2.7.07

Liberdade vs. inimputabilidade II

Neste post não defendi que a mobilidade dos factores de trabalho é perfeita, nem tal é necessário para o meu argumento. O mundo não é perfeito. Tal como não há mobilidade perfeita dos factores de trabalho também não existe informação perfeita nem nada que seja perfeito. Tudo isso são componentes de uma mesma realidade: existe escassez. Escassez de informação, de bens materiais, de clientes, de trabalhadores etc etc. O facto de existir escassez não implica que as pessoas não tenham escolha dentro das limitações que a realidade lhes impõe. A liberdade humana deve ser avaliada à luz do problema da escassez e não em termos absolutos. E, mais importante, não é por o Estado intervir no mercado que deixa de haver escassez. Se o Estado proibir o fumo nos restaurantes a única coisa que garante é que todas as pessoas terão menos escolhas. Não garante, antes pelo contrário, que os empregados passarão a ter mais opções. Para início de conversa, deixarão de receber o prémio que hoje vem incluído no salário por trabalharem num ambiente com fumo.
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Deve ainda ter-se em conta que a tolerância ao risco dos empregados não é uniforme. O que significa que quando o Estado intervém no mercado para proteger os trabalhadores do risco estará a prejudicar uns mais do que outros e está a reduzir a divisão do trabalho. Os traalhadores mais propenso ao risco passarão a receber um salário tão baixo como os outros. E todos perderão porque deixam de existir uma divisão do trabalho entre os propensos ao risco e os outros. A economia perde uma parte da sua diversidade, diversidade que lhe confere robustez e eficiência.

As análises económicas que procuram justificar intervenções do Estado deste tipo pressupõem uma economia uniforme em que os empregados têm as mesmas preferências em relação ao risco e em que os salários não incorporam um prémio pelo risco voluntário. Essa visão da economia é que é irrealista.