10.6.04
A CAMPANHA QUE NÃO VI
Tive apenas a oportunidade de acompanhar 3 dias da campanha eleitoral, de segunda a quarta, uma vez que estive ausente na semana anterior.
Não vi, nem ouvi nenhum tempo de antena. Não participei em comícios. Nenhum candidato se cruzou comigo na rua. Não recebi nenhuma brochura com os programas eleitorais. Pelos locais onde passei, apenas vi um outdoor do BE. Desta vez não havia cartazes nem pendentes nas ruas.
Pelos jornais não descortinei o que pensavam os partidos e os candidatos sobre as questões europeias. Em 3 dias, os títulos das ?notícias? eram sobretudo especulações sobre a vida interna dos partidos ou recados mal-criados de um partido para outro.
Ontem à noite, finalmente, preparava-me para visitar os sites dos partidos políticos para analisar os respectivos programas e manifestos eleitorais. Frustante. O site do PS deixou de ter matéria política. No Bloco, vá lá, encontrei o respectivo programa eleitoral. Também o PCP e o PND mantém online o respectivo programa.
No site do PSD, nada de Europa. O PP está em reformulação.
É muito pouco. É quase nada.
O acesso aos programas eleitorais é difícil. Não tem destaques nas páginas. São ficheiros pesados. São compridos. Cheios de palavreado em politiquês. Não tem profissionalismo. Não são concisos e claros. Não tem links internos. São apenas mais uma demonstração evidente da falta de domínio de uma das principais ferramentas de combate político dos dias de hoje.
É certo que os portugueses com acesso à internet não serão propriamente um grupo eleitoral decisivo. No entanto são já uma significativa camada da população. Fico portanto espantado com a fraca presença e a paupérrima utilização da internet como veículo de discussão e apresentação de propostas políticas. Os actuais políticos preferem ainda e sempre aparecer na televisão a beijar uma peixeira, ou a passear pela Baixa Pombalina rodeados de fiéis partidários. Imagens que possivelmente nos dão a verdadeira dimensão do perfil dos candidatos e da forma como eles vêem e idealizam o país real.