16.6.04

Dilemas do governante bem-pensante

O governante bem pensante tem que defender cultura, a natureza, os mais desfavorecidos, o interesse nacional e o Protocolo de Quioto.

A cultura tem que estar acima do lucro.

As gravuras do Côa são cultura e não sabem nadar.

As gravuras, que sobreviveram 20 mil anos, não podem ficar debaixo de água mais 50.

Salva-se as gravuras. Cancela-se a barragem.

Mas, ai jesus, o Protocolo de Quioto.

Taxa-se as gasolinas, proíbe-se o automóvel.

Mas, alguém nos acuda que não se pode. Sem energia, não há desenvolvimento e sem desenvolvimento quem é que vai acudir os mais desfavorecidos. E sem gasolina não há votos.

Taxa-se a electricidade.

Mas, ai meu Deus, o desenvolvimento, a EDP e o interesse nacional e a concorrência espanhola.

Resultado: Barragem no Sabor.

Parece que o Sabor é o último grande rio selvagem de Portugal. A flora do Sabor também não sabe nadar.