9.6.04

"FRASE FÁCIL"


O Paulo Gorjão não gostou que eu criticasse o facto de António Costa ter defendido que os deputados portugueses ao Parlamento Europeu deveriam apoiar a candidatura de António Vitorino simplesmente pelo facto deste ser português. Considerei estúpida tal argumentação patrioteira, indicando eu que a aceitação de tal doutrina implicaria o apoio a toda e qualquer tipo de candidaturas de cidadãos portugueses a cargos internacionais.

Mantenho que não vejo o interesse da coisa. Que sentido faz em política apoiar uma candidatura, independentemente do seu valor político, pessoal ou de mérito, apenas valorizando o factor nacionalidade? Tal atitude é de facto estúpida, por ser contrária não só ao bom senso, mas sobretudo por não ser democrática. A aceitar-se tal critério, deixaria de fazer sentido o debate de projectos, de ideias, de modos de ver e construir o mundo. Deixaria de ter sentido a discussão política. Os que defendem que a nacionalidade deve superar a ?divergência?, a diversidade de opiniões, estão a tentar limitar o debate normal e desejável, tentando, por meios não-democráticos, defender os seus interesses, recorrendo ao sentimentalismo o qual em política sempre se transforma numa qualquer forma de totalitarismo.

Mas PG afirma que se encontra muito próximo de defender a posição de apoio a qualquer cidadão português, que se candidate a um cargo internacional.
Imagine-se: Se Ana Gomes e Deus Pinheiro forem candidatos a Vice-presidentes do PE (livra!), deverão contar com o apoio incondicional de todos os deputados portugueses no PE. Se no futuro Gilberto Madaíl se candidatar a presidente da UEFA ou da FIFA, não deve o mesmo ser criticado e denunciado, mas sim apoiado pelos cidadãos portugueses, acriticamente. Se Cunha Rodrigues quiser ser presidente do Tribunal Europeu, apoia-se. Se Paulo Portas quiser ser Secretário Geral da Nato, contará com o apoio de todos os portugueses. Se Guterres se candidatar a Secretário Geral da ONU, bora lá apoiar.
Tudo a bem da "nação"!
Livra!