19.6.04

O PRÓXIMO PRESIDENTE DA COMISSÃO



Definitivamente afastada a hipótese de fazer de António Vitorino Presidente da Comissão Europeia, ontem, no Conselho Europeu de Bruxelas, alguns Chefes de Estado e Governo lançaram o nome de Durão Barroso para o mesmo lugar. A ideia, segundo os media, recolheu entusiasmos múltiplos, levando a crer que o nosso primeiro-ministro poderia alcançar essa elevada posição.
O mesmo se passou, se bem se recordam, há uns anos, com o então primeiro-ministro português, o saudoso Engº António Guterres. Também na altura muito gabado e desejado por múltiplos Chefes de Estado e de Governo europeus para ocupar o cargo.
É uma coincidência notável, sobretudo se atendermos a que ambas situações ocorreram em momentos politicamente baixos dos dois líderes: com Barroso, depois de uma pesada derrota eleitoral, com Guterres, quando se antevia o fim do «pântano» e o regresso dos batráquios aos seus lares civis.
Por conseguinte, perante tamanha semelhança, só são possíveis três explicações: ou é brincadeira («ó pá, deixa lá essa malta que não te reconhece e vem mas é para cá, que gostamos muito de ti!»); ou amabilidade («agora que vais para o desemprego, sempre podias ser Presidente da Comissão...»); ou uma tentativa de delimitação de estragos («eh pá, já fizeste asneira que baste. Vens para aqui ao pé de nós e deixa-te ficar quietinho!»). Cada qual escolha a que lhe parecer melhor. É a isto que se chama a Europa «à la carte»!