Este post é dedicado ao José Barros e a todos aqueles que acharam que as conclusões constantes no meu post anterior "Quando Nero ardeu Roma enquanto comia bolo-rei" resultaram da notícia de hoje publicada no Público.
Cavaco Silva negou esta tarde o conteúdo da notícia que foi hoje publicada no Público.
Não sei se a notícia é verdadeira. Sei que o Público é dos poucos jornais que ainda me merecem algum crédito. CS negou-a. Está negada, não se fala mais nisso.
Mas noto que, embora o meu post "Quando Nero ardeu Roma enquanto comia bolo-rei" tenha sido colocado no Blasfémias na sequência da "famigerada" notícia, o teor do meu comentário e as conclusões que aí retiro já há muito constam das minhas participações, e não dependem da veracidade do que foi divulgado hoje.
E porquê?
Eu tive uma infância feliz, e recordo várias vezes um dos muitos contos que o meu pai me contava, o conto do "Pastor e do Lobo", que penso ser útil aqui recordar.
Era uma vez um pastor, que diariamente subia à montanha com as suas ovelhas. Um dia, entediado, em jeito de brincadeira, clamou: "Acudam! Olha o Lobo! Olha o Lobo!". A população, de enxadas, vassouras, facas e tudo o que estivesse à mão, precipitou-se montanha acima para ajudar o pobre pastor. Chegados ao pasto, encontram o jovem pastor a rebolar-se pela relva, rindo-se à gargalhada. Lobo, afinal não havia nenhum. Algumas vezes mais o Pastor ensaiou esta sua divertida partida; mas à medida que os dias passavam, cada vez menos pessoas respondiam ao seu apelo. Um dia, porém, e quando o Pastor menos esperava, o lobo, matreiro, atacou-lhe o rebanho. De nada lhe valeu vociferar, berrar, espernear que era mesmo verdade, pois o povo já não lhe acudia.
CS, ao longo de todo o seu percurso partidário, sempre privilegiou, no passado e no presente, o seu próprio interesse, mesmo quando isso implicou o prejuízo dos que o rodeavam. Foi assim no famoso tabu presidencial, que arrastou para fora da política um dos mais promissores líderes do PSD, Fernando Nogueira. Mais recentemente, não se recordam da postura crítica que CS teve em relação à governação de PSL? Será demais relembrar que CS compôs e publicou no Expresso o Réquiem do Governo, tocado na semana seguinte por Jorge Sampaio? Ou foi por sentido partidário que durante mais de uma semana deixou a "marinar" a recusa de utilização da sua imagem nos cartazes de campanha, aguardando pelo momento em que ela tivesse maior impacto?
Agora, que os "lobos" da imprensa atacam o Professor, ele nega as notícias. Não sei se correspondem à verdade; até admito que não; mas, nada do que disse no meu post anterior necessitava da notícia do Público de hoje para o tornar plausível.
As notícias podem nem ser verdadeiras. Hoje, CS poderá a estar a ser vítima do seu próprio veneno. Da minha parte, fait divers à parte, dispenso-o perfeitamente do papel de Presidente da República. E liberto-o para a sua função académica, que tanto pretende preservar.