A relação entre direitos de propriedade e os problemas ambientais percebe-se melhor com a ajuda de dois conceitos da teoria dos jogos: o dilema do prisioneiro e a tragédia dos comuns.
O dilema do prisioneiro é um jogo entre dois prisioneiros, prsioneiro A e prisioneiro B, que são acusados de um crime. A polícia não dispõe de provas suficientes e por isso resolve propor a cada um dos prisioneiros um acordo nos termos seguintes:
- se ambos confessarem (denunciando o parceiro), serão ambos condenados a uma pena intermédia (6 anos)
-se um confessar (denunciando o parceiro) e o outro não, o que confessar é libertado, o que não confessar é condenado a uma pena pesada (10 anos)
-se nenhum confessar serão ambos condenados a uma pena leve (6 meses).
| A nega
(coopera) | A confessa
(não coopera) |
B nega
(coopera) | 6 meses para A e B | B apanha 10 anos
A é libertado |
B confessa
(não coopera) | A apanha 10 anos
B é libertado | 6 anos para A e B |
Nenhum dos prisioneiros é previamente informado sobre a decisão do outro. Perante uma proposta destas qual é a opção mais racional do ponto de vista de um prisioneiro que pretenda minimizar o tempo que passa na prisão? (este é que é o dilema do prisioneiro) Note-se que se um prisioneiro opta por não denunciar o parceiro está a cooperar com ele esperando reciprocidade. Se opta por denunciar o parceiro está a traí-lo esperando uma redução de pena.
A resposta ao dilema depende da relação entre os prisioneiros. Se os prisioneiros mal se conhecem e se esta é uma interacção única entre os dois, então a opção mais racional é confessar. Qualquer que seja a decisão do outro parceiro, a decisão de confessar dá sempre uma pena menor. Por exemplo, se B negar, então A deve confessar para sair em liberdade em vez de apanhar 6 meses. Se B confessar, então A deve confessar para apanhar 6 anos em vez de 10. Como o mesmo raciocínio se aplica a B, a opção mais racional para cada prisioneiro é confessar. O prisioneiro que não confessar arrisca-se a ser enganado pelo parceiro e a ser condenado a 10 anos. Note-se que a soma dos tempos que ambos passam na cadeia é mínimo se ambos cooperarem, mas nenhum está interessado em confessar.
Se os prisioneiros se conhecem e se existir uma probabilidade elevada de esta situação se repetir no futuro então os prisioneiros podem estabelecer uma relação cooperativa porque ambos estão interessados em manter uma reputação de bom parceiro.
O dilema do prisineiro é um modelo para todas as situações reais em que os incentivos para não cooperar são superiores aos incentivos para cooperar, excepto se se estabelecer uma relação de confiança entre os dois parceiros. É o caso dos recursos partilhados por dois parceiros. Por exemplo, dois marinheiros num barco com pouca comida. Neste caso, a sobrevivência de cada um depende do racionamento da comida. O racionamento é uma estratégia de cooperação. Comer às escondidas é uma violação da cooperação. Se ambos conseguirem comer às escondidas, os alimentos esgotam-se e morrem os dois. No entanto, se um deles se recusar a comer às econdidas e o outro não o fizer aquele que se recusa a comer às escondidas morre ainda mais depressa.
(continua)