14.2.05

A Irmã Lúcia não faz parte da "Alma da Pátria"...

A frase é de D. Januário Torgal Ferreira, em entrevista á TSF, na qual expressou sérias reservas à sinceridade dos políticos que suspenderam - com pompa e circunstância! - a campanha eleitoral.

D. Manuel Martins vai mesmo mais longe, referindo-se a "oportunismo político".

Pessoalmente, revejo-me nas declarações e comentários quer de D. Januário, quer de D. Manuel Martins.

Mais, acho que quem quer que seja, católico, ou não, interessado no circo político ou não, terá ficado, no mínimo, incomodado com um espectáculo de pura representação feito por um dos líderes partidários que, inclusivamente, teve o cuidado de se ornamentar com uma adequada e profunda graveta negra e conseguiu, segundo parece e me contaram, colocar os olhos irados e vermelhos numa declaração que, de tão desproporcionada, pareceu bastante patética.

Claro está que o eleitorado podendo porventura ser "estúpido", nunca o é assim tanto...

Mas, deste episódio todo (inclusivé, com as também direccionadas indignações de JPP e de outros que, na realidade, não sem um pouco de hipocrisia táctica, ampliam todos os actos - leia-se, gaffes - de Santana Lopes), sobressai, mais uma vez, o profundo irrealismo da classe política dirigente: há temas e palavras chave que os fazem saltar instintivamente, tão associados (qual chavão nunca comprovado) que estão a "mais-valia" eleitoral (ou seja, ganho de votos)! E ninguém pensa mais no assunto; pura e simplesmente "cola-se" acéfala e ridiculamente aos fenómenos na crença ( este sim, um verdadeiro acto de fé) de que tal "colagem" lhes permite ganhar eleições!

Fado (lembram-se do funeral de Amália?), fé religiosa e futebol - por esta ordem crescente - fazem parte desse conjunto (precipitado) de pseudo-"mais-valias" eleitorais!
Pelo menos, até agora, têm sido estes temas que mais recorrente e pateticamente, têm feito saltar, chorar compungidamente, berrar, comiciar, etc.,etc., os políticos - sobretudo, dos do "arco da governabilidade" desta IIIª República.

E nem se lembram que - no caso - quem é de facto religioso (sobretudo, de raíz Cristã), sabe que "a Deus o que é de Deus, e a César o que é de César"....