14.2.05

O DIREITO À CONTRADIÇÃO

É espantoso o despudor com que alguma esquerda, antevendo o próximo governo do Partido Socialista e a necessidade de o preservar, está a encarar a contratação de Marcelo Rebelo de Sousa pela RTP. O célebre «direito ao contraditório» que, há poucos meses, serviu para crucificar o governo Santana/Portas pelas descabeladas declarações do ministro Gomes da Silva, é agora reclamado como um imperativo democrático. Evidentemente que não colhe aqui a argumentação do «serviço público da RTP». O espaço televisivo ocupado pela TVI e pela SIC é de acesso limitado e restrito, sendo concessionado em função de vários critérios, entre eles, fundamentalmente o do interesse público. Se assim não fosse, o acesso ao espaço televisivo seria (como deveria ser) livre e aí a questão do «contraditório» deixaria de fazer qualquer sentido. É por estas e por outras que a esquerda portuguesa, mesmo em antevésperas de uma maioria absoluta, é incapaz de se credibilizar.