Imagine o leitor o cenário seguinte:
O Sr. A, amigo dilecto e «colaborador próximo» do Prof. Cavaco, saturado de lhe ouvir desabafos sobre o Dr. Santana, cometeu uma inconfidência junto de um jornalista do «Público» (link indisponível), contando-lhe que, numa conversa ocorrida no bar do Ritz, o Professor lhe revelou que veria com bom olhos uma maioria absoluta do Eng. Sócrates e do PS nas próximas legislativas.
No dia seguinte, sem o consentimento do Sr. A, o jornal «Público» faz da inconfidência primeira página. Indignado, o Prof, Cavaco solicita ao seu «colaborador próximo, o Sr. A, que divulgue, a montante e a jusante, que a notícia é falsa. Resultado: nova primeira página, desta feita com as explicações do dito «colaborador», revelando que o Prof. Cavaco ficara indisposto com o sucedido, sobretudo, por querer evitar dar a Santana argumentos para ele se vitimizar. Por outras palavras, para que ele arranjasse pretexto para conseguir mais uns votos que, para bom entendedor, seriam retirados ao PS.
Nesta sequência «noticiosa» houve sempre o cuidado de dizer que o Professor nunca falou no assunto, nem em público nem em privado, e que assim se manterá até ao dia 20 de Fevereiro. O que leva a crer que, para além de ser um colaborador «muito próximo», o Sr. A terá dotes adivinhatórios e parapsíquicos e que, bem vistas as coisas, no Ritz não lhe fora feita confidência alguma. Estamos, por conseguinte, nos domínios do esoterismo, na melhor das probabilidades, da parapsicologia.
Mesmo descontando o facto de estarmos em campanha eleitoral, há que convir que esta é uma história estranha. Não é?