9.2.05

O Ambientalista Liberal VII

(continuação)


Quanto o dilema do prisioneiro é jogado por muitos jogadores o resultado é a chamada tragédia dos comuns. Imagine-se uma aldeia de pastores que partilham uma pastagem aberta a todos. Os direitos de propriedade sobre a pastagem são indefinidos. A pastagem não é de ninguém e é de todos ao mesmo tempo. Qualquer pastor pode lá colocar as suas ovelhas quando quiser e na quantidade que quiser. No entanto, a pastagem pode suportar um número limitado de ovelhas, digamos 100 ovelhas, de cada vez. Acima deste número, as ovelhas começam a prejudicar a renovação natural da pastagem.

Cada pastor tenderá a defender os seus interesses próprios e para isso analisará, consciente ou inconscientemente, não interessa, os seus custos e os seus benefícios. Por cada ovelha adicional que o pastor X coloca na pastagem:

-o pastor X ganha Y unidades de utilidade

-a comunidade perde Y unidades de utilidade

-o pastor X, como membro da comunidade perde uma fracção de Y unidades de utilidade. Para simplificar podemos supor que essa fracção é Y/N, em que N é o número de pastores.

Ou seja, enquanto as receitas de colocar uma ovelha na pastagem comum são do dono da ovelha, os custos são partilhados por toda a comunidade. Isto significa que cada pastor terá um incentivo para colocar todas as suas ovelhas na pastagem comum. O resultado é previsível e, se não forem tomadas medidas, inevitável: a destruição completa da pastagem. A esta destruição inevitável dos recursos naturais é a chamada "tragédia dos comuns" (Tragedy of the Commons -- Commons == propriedade comunitária).

Têm sido propostas várias soluções para o problema da tragédia dos comuns:

1.A solução moderna: a educação. As pessoas devem ser educadas a conterem os seus impulsos egoístas.

2.A solução socialista: a gestão democrática dos comuns.

3.A solução social: numa pequena comunidade em que todos se conhecem, os comuns podem ser geridos através da pressão social e com base em regras criadas espontâneamente pela comunidade.

4.A solução liberal: privatização dos comuns.

(continua)