Os eleitores do centro-direita que votam para punir Santana Lopes vão ter direito a brinde no próximo Domingo. É que para além da derrota de Santana Lopes terão ainda direito ao retorno da tralha guterrista com maioria absoluta e à transformação de Portugal num dos poucos países onde a extrema esquerda, por entre totskistas, maoistas e marxistas-leninistas, soma mais de 15% dos votos. Segundo as sondagens, ainda recebem de bónus uma descida do PP igual, em proporção, à descida do PSD. Vai ser difícil explicar que a culpa é do Santana.
Como disse há uns meses, as eleições não servem para punir o governo cessante, mas para escolher o próximo. Como todas as escolhas políticas são entre o mau e o péssimo, quem usa as eleições para punir um mau governo cessante, arrisca-se a contribuir para a eleição de um ainda pior.
Esta ideia de votar para punir é curiosa. É que o passado não se pode mudar. O voto punitivo não tem efeito nenhum sobre o governo cessante. Eles já não vão governar melhor. A única coisa que o voto pode mudar é a qualidade do próximo governo. E esses ainda podem governar pior que o anterior.
O voto punitivo cria uma espécie de esquizofrenia eleitoral. Para se punir o antigo, escolhe-se mal o próximo, pelo que se terá de voltar a punir o próximo daqui a quatro anos. E assim por diante ... Claro que para se punir o último é necessário premiar o penúltimo. Não é por acaso que desta vez o voto punitivo premeia os maus governos de Guterres.