P: "Depois da viagem pela América, mudou as ideias que tinha?"Há mais deste calibre. Este homem é um traidor.
R: "Mudei. Fiz o que muito pouca gente faz: atravessar o país em todos os sentidos por estrada, olhar para tudo, tentar testar os clichés contra a prova do real. Todos temos a cabeça cheia de clichés quando se trata da América. Os anti-americanos têm clichés, os pró-americanos também. Todos os clichés são falsos. Uma experiência como esta transforma-se numa máquina de quebrar clichés."
P: "Por exemplo?"
R: "Pensava que a América era um país imperial. A ideia merece ser revista. Pensava que a América não tinha sistema de saúde e de segurança social. É mais complicado que isso. É diferente do nosso, uma mistura de público e privado, mas existe. Pensava que a América era um país materialista e é provavelmente o país mais religioso do mundo. Pensava que o Sul eram os estados da segregação, onde os negros teriam ainda longo caminho a percorrer para cumprir o programa de Martin Luther King. Descobri que o caminho já tinha sido percorrido no essencial."
...
P: "Escreve também sobre a sua experiência com as comunidades árabes, sobre o facto de se sentirem americanos, ao contrário do que acontece na Europa."
R: "Os americanos inventaram um sistema de cidadania, um modo de regulação dialética entre o particular e o universal, entre a origem e o destino, que funciona bastante bem. Na Europa e na França teríamos todo o interesse em inspirarmo-nos nisto."
5.5.07
O Traidor
Bernard-Henri Levy foi passear à América. Lavaram-lhe o cérebro. Da entrevista, ontem publicada no Público: