Vital Moreira tem alguma razão quando afirma que um aeroporto é uma obra demasiado importante para ser decidida por engenheiros Mas se assim é, Vital Moreira deve ele próprio deixar de discutir as questões técnicas do NAV e passar a discutir algumas das questões políticas mais importantes, a saber:
1. As grandes obras são uma forma de os partidos no poder distribuirem benesses pelas suas clientelas políticas. Fica-se sem saber se o aeroporto tem como objectivo servir os passageiros ou se tem como objectivo servir as clientelas.
2. Um grande aeroporto desta natureza vai desequilibrar completamente o território transformando-se num pólo de atracção que esvaziará outros pontos do país. Será a aplicação mais justa dos fundos públicos?
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3. O aeroporto agravará ainda mais a preponderância da região de Lisboa no panorama nacional. Será justo para as regiões periféricas, e para outras que o passarão a ser?
4. A localização do aeroporto implicará ganhadores e perdedores. O processo em curso é suficientemente transparente a este respeito? Por exemplo, será que todos percebem que com a OTA a região de Coimbra ficará dos lado dos ganhadores e a região de Setúbal do lado dos perdedores?
5. O modelo de desenvolvimento implícito no projecto OTA é o modelo keynesiano. Será este modelo uma opção correcta? Qual é o verdadeiro fim por detrás da construção da OTA, a construção de um aeroporto para servir passageiros, ou a construção pela construção, para que se crie emprego e se injecte dinheiro na economia?
6. Existe alguém que possa ser responsabilizado no caso de o projecto OTA correr mal? Daqui a 15 anos onde estaá o ministro Mário Lino? Não corremos o risco de esta decisão estar a ser tomada por pessoas que não poderão nunca ser responsabilizadas? Será esta a melhor forma de lidar com projectos que só poderão ser avaliados na próxima geração?