4.5.07

Volta João Soares

Estou com umas saudades loucas de João Soares, esse imenso presidente que deu a Lisboa a boa fortuna de ter alguém para venerar ao longo de muitos anos. Tenho saudades das obras que se faziam sem burocracias, sem perder tempo com essas ninharias legais que só atrapalham. Era o tempo em que bastava o desejo de um homem e a voz forte do comandante fazia nascer a obra. Tenho saudade dessa Emel que não se interessava com dinheiros, lucros e outras contabilidades e que promovia os milhões de prejuízo social em nome da cidade.

E que dizer daquelas equipas que João Soares tão bem elegia para encabeçar as incontáveis empresas públicas que o seu dinamismo foi sempre alimentando? Foi Soares o primeiro a aperceber-se que as boas qualidades de gestão estavam concentradas nas figuras dos gestores-sociólogos e dos gestores-poetas, homens que pensam urbe e constroem cidades sem amarras. Ahhh, que saudades da cidade de João Soares. A cidade do fulgurante Parque Mayer, a cidade dos belos Martim Monizes, daquele fantástico estacionamento chamado Bairro Alto, esses tempos gloriosos em que a vitalidade da Feira Popular enchia os lisboetas de júbilo e orgulho, essa cidade em que todas as casas estavam recuperadas nesses enérgicos bairros populares, a cidade em que a movida nocturna fazia transbordar a baixa pombalina. Nesses tempos, a cidade estoirava pelas costuras com a pressão das populações que fugiam todos os dias desses subúrbios lúgubres para procurarem qualidade de vida numa cidade viva… Lembram-se?

Era o tempo em que a Bragaparques fazia obras a eito e não havia arguidos. Esses sim, eram os bons tempos. Haverá alguém que consiga convencer o João a aceitar o sacrifício?