18.10.07

Por um filho *

Não percebo muito de sistema bancário. Mas sei alguma coisa acerca dos comportamentos típicos dos portugueses. Na incessante balbúrdia que vemos no BCP desde há muitos meses, existem elementos distintivos da nossa forma de estar na vida.
Em primeiro lugar, o favorecimento baseado em todos os motivos excepto o mérito. As preferências, cada vez mais, assentam em ‘razões de seita’. Não é por acaso que quando as relações entre o anterior presidente do BCP e quem o cooptou se destroçaram aquele anunciou publicamente a sua saída da Opus...

Depois, há a família. Instituto assaz venerado, entre nós. Em nome da família um homem honesto é capaz de engendrar as maiores vilezas, sem pestanejar. Por um filho esquecem-se valores e princípios, faz-se tudo aquilo que se passou a vida a condenar. Os exemplos abundam, sobretudo nas empresas: desde a mercearia da esquina até aos bancos.


* Publicado no Correio da Manhã em 17.X.2007