2.12.07

Memória do massacre *

Foi na Páscoa de 1506. Em Lisboa, no Mosteiro de S. Domingos, a multidão clamou “milagre” porque, no altar, o rosto de Cristo estava inundado de luz. Mas alguém disse que isso se devia a um simples raio de sol – era um cristão-novo, um judeu forçado à conversão. Logo foi morto pela turba. Num ápice, um rastilho de sangue percorre Lisboa. Frades pregadores prometiam o perdão dos pecados para quem matasse judeus: milhares de pessoas são assassinadas em três dias de tumultos.
Richard Zimler, em “O Último Cabalista de Lisboa”, deu vida a esta história de morte. Mas muitos preferem fingir que nada aconteceu. A Câmara de Lisboa ia construir um memorial mas a intenção foi adiada.
Há uma petição on-line para que se preste essa homenagem (http://www.petitiononline.com/samusque/). Porque a única forma de a vergonha não se repetir é dela nunca nos esquecermos.

* Publicado no Correio da Manhã em 30.XII.2007