Dois anos de Cavaco
Cavaco Silva tem balançado numa dupla interpretação do seu papel presidencial.
Há um Cavaco categórico, à vontade na sua antiga imagem de marca, que exige resultados, que não aceita a versão original do Estatuto dos Jornalistas e que faz travão no despautério da Ota.
Depois, noutros momentos, desponta uma memória de exercício presidencial com excessivo lastro entre nós: o Presidente cúmplice passivo do Governo, que se dissipa em Roteiros inócuos e em louvores ao Executivo.
O Presidente da primeira versão forçou o ministro da Saúde a dar explicações que não convenceram ninguém. O da segunda variante, perante o inconformismo popular, apareceu a pedir "serenidade" – no seu sentido bovino, esta é a virtude passiva dos que só assistem mas nunca interferem. Um apelo com infelizes colorações 'sampaístas' já que o ex-presidente passou 10 anos a repeti-lo enquanto Portugal se afundava.
Correio da Manhã, 23.I.2008
(http://www.correiomanha.pt/noticia.asp?id=274753&idselect=93&idCanal=93&p=200)
CAA