(*) Carta de Gabriel Mithá Ribeiro, publicada hoje no Público
Ficámos a saber que a educação poupou 125 milhões de euros em 2006. Óptimo! Parabéns ao Ministério de Maria de Lurdes Rodrigues! Se há sector onde existe um enorme desperdício de recursos é o da educação. E digo existe e não digo existia. Agora falta efectivamente melhorar o ensino. Para isso era importante poupar outros tantos milhões. Como? Fechando barbaridades como a Área de Projecto (com dois tempos semanais no básico e quatro no 12º ano!), a Formação Cívica e o Estudo Acompanhado.###
Essas ditas áreas curriculares não disciplinares (i) consomem provavelmente um quarto das verbas gastas com os salários dos professores (o valor indicado é uma hipótese, o Ministério da Educação deveria esclarecer, mas a soma é seguramente avultada, até porque algumas dessas áreas podem implicar pares pedagógicos, isto é, dois docentes ao mesmo tempo na sala de aula o que, além de uma aberração em si, custa o dobro das outras disciplinas); (ii) degradam a qualidade da relação professor/aluno; (iii) promovem a indisciplina; (iv) desvalorizam o conhecimento; (v) sobrecarregam os currículos; (vi) impedem que outras áreas do conhecimento/formação (como ciências, história ou geografia) tenham mais horas. Estamos todos a gastar uma fortuna há meia década para nos entretermos com experiências dos «cientistas da educação» que nos estupidificam. Vamos esperar mais uma década para perceber o disparate?! Se o objectivo é poupar, valia a pena atacar os professores como se atacou? Valia a pena fechar escolas que, em alguns casos, implicam cortar dinâmicas que davam sentido a algumas comunidades? Não haveria margem para diminuir o número de alunos por turma se se poupassem verbas, condição essencial para a qualidade de trabalho em sala de aula?
Isto mostra por que razão quem dirige o Ministério pouco sabe de ensino, embora deva ser elogiado como contabilista; isto mostra também como o «eduquês», uma vez mais, ficou intacto e escudado pela estridência quase irracional no ataque à dignidade de pessoas, cidadãos e profissionais, com se todos fossem líderes sindicais e como se a culpa das barbaridades que subsistem fosse tão-só dos últimos. E quem nos governa?!
Gabriel Mithá Ribeiro
Almada
Ficámos a saber que a educação poupou 125 milhões de euros em 2006. Óptimo! Parabéns ao Ministério de Maria de Lurdes Rodrigues! Se há sector onde existe um enorme desperdício de recursos é o da educação. E digo existe e não digo existia. Agora falta efectivamente melhorar o ensino. Para isso era importante poupar outros tantos milhões. Como? Fechando barbaridades como a Área de Projecto (com dois tempos semanais no básico e quatro no 12º ano!), a Formação Cívica e o Estudo Acompanhado.###
Essas ditas áreas curriculares não disciplinares (i) consomem provavelmente um quarto das verbas gastas com os salários dos professores (o valor indicado é uma hipótese, o Ministério da Educação deveria esclarecer, mas a soma é seguramente avultada, até porque algumas dessas áreas podem implicar pares pedagógicos, isto é, dois docentes ao mesmo tempo na sala de aula o que, além de uma aberração em si, custa o dobro das outras disciplinas); (ii) degradam a qualidade da relação professor/aluno; (iii) promovem a indisciplina; (iv) desvalorizam o conhecimento; (v) sobrecarregam os currículos; (vi) impedem que outras áreas do conhecimento/formação (como ciências, história ou geografia) tenham mais horas. Estamos todos a gastar uma fortuna há meia década para nos entretermos com experiências dos «cientistas da educação» que nos estupidificam. Vamos esperar mais uma década para perceber o disparate?! Se o objectivo é poupar, valia a pena atacar os professores como se atacou? Valia a pena fechar escolas que, em alguns casos, implicam cortar dinâmicas que davam sentido a algumas comunidades? Não haveria margem para diminuir o número de alunos por turma se se poupassem verbas, condição essencial para a qualidade de trabalho em sala de aula?
Isto mostra por que razão quem dirige o Ministério pouco sabe de ensino, embora deva ser elogiado como contabilista; isto mostra também como o «eduquês», uma vez mais, ficou intacto e escudado pela estridência quase irracional no ataque à dignidade de pessoas, cidadãos e profissionais, com se todos fossem líderes sindicais e como se a culpa das barbaridades que subsistem fosse tão-só dos últimos. E quem nos governa?!
Gabriel Mithá Ribeiro
Almada