«Evitar o aborto livre e construir na Assembleia da República uma solução que retire a penalização às mulheres" que interrompam a gravidez» é o novo objectivo de Marques Mendes.
Aparentemente rendido à extraordinária posição de Marcelo Rebelo de Sousa, Marques Mendes conseguiu, a menos de uma semana do referendo, desmobilizar certamente muitos dos indecisos que poderiam vir a partilhar da sua opção pessoal de voto. Não fora a posição afirmada por José Sócrates (de impedir a modificação da lei caso o NÃO vença), aqueles que discordam da despenalização do aborto até às 10 semanas não teriam qualquer razão para se deslocarem às urnas no domingo, já que o resultado final sempre seria a "despenalização", tornando o voto no NÃO praticamente inútil, dada a certeza de a vontade expressa não ser depois respeitada pelo Parlamento. O efeito desta extraordinária declaração nunca poderá ser medido, seja qual for o resultado do referendo. Por isso, se o Sim vencer, pairará sempre no ar uma dúvida paralela à que acompanha o Governo de Zapatero: teria vencido (ou pelo menos, vencido com a mesma margem) sem os atentados de 11 de Março?