16.2.07

Pontos nos is

Há qualquer coisa de extraordinário no modo como o "Não" está a reagir aos resultados do referendo. Desde os esperados anátemas escatologistas até às invocações intervencionistas dos poderes públicos, passando pela mais do que peregrina ideia do apelo ao veto presidencial em relação a uma lei que ainda nem sequer foi feita...
Sejamos claros: foi o "Sim" que venceu no passado dia 11/2. Claramente e com uma vantagem de quase 20%. Logo, tem o seu quê de caricato este esforço de muitos nãozistas, feito num tom meio arrogante, que, apesar da derrota, se acham na mais perfeita legitimidade para imporem limites e conteúdos aos que triunfaram nas urnas. A discussão actual, para ser séria, só pode ser mantida por aqueles que não participaram na campanha de terror argumentativo do "Não" - não faz qualquer sentido que os que, há menos de 8 dias, compararam as mulheres, agora com direito a fazer IVG, a terroristas e homicidas desbragadas, surjam hoje, inopinadamente, a declarar como é que será aplicada a decisão referendária contra a qual se bateram com uma ferocidade surpreendente.
Seria bom que os "Nãos" que ainda conseguem manter algum contacto com a decência na acção política se mantivessem higienicamente arredados do debate que irá implementar juridicamente o "Sim".