Aquele abraço....

A ministra do turismo paquistanesa demitiu-se por, alegadamente, não ter tido apoio do seu partido e governo face ás ameaças de morte recebidas em função de..... ter abraçado um piloto, acto que foi considerado «imoral» e «obsceno».###

Na verdade, o regime e acção do ditador Musharaaf tem sido um verdadeiro desastre, como aliás é próprio de quem é ditador. Na prática, tem sido a mais preciosa ajuda que os fanáticos e inimigos da liberdade poderiam ter. Depois da venda de tecnologia nuclear em sistema de franchising um pouco por todo o lado (nunca sancionada), do apoio aos talibans (antes e depois da invasão), aos terroristas de Caxemira, às perseguições contra os que pretendem um sistema democrático, da perseguição à imprensa livre, e mais recentemente ao próprio sistema judicial, já de si tão governamentalizado, já quase nada resta de alternativa a não ser .... o fanatismo organizado. Seja o patrocionado pela Arábia Saudita, pelo Irão ou autóctone. Cortando-se todas as vias alternativas, toda a ténue resistência, tudo querendo controlar, sem mão nos militares nem nos serviços secretos e para-militares infiltrados por todas as tendências, os insatisfeitos não apenas aumentarão, como serão naturalmente empurrados para as mãos daqueles que mais apoio externo tenham, mais meios e mais impacto provoquem. Infelizmente, esses são os mais perigosos. Para aquele povo e para todos nós.
Pois é ali, no Paquistão, que se trava a verdadeira luta de poder, e não diante das câmaras ocidentais em cenários de guerra.
As lutas fraticidas que se travam no Afeganistão e no Iraque, ou mesmo os desejos de poder do Irão são peanuts face ao ponto central que é o Paquistão. Um país com centenas de milhões de pessoas, um arsenal nuclear prontinho a ser utilizado, uma potência politica regional natural, o que mais se poderia desejar? E Musharraf é o peão perfeito para lhes dar de bandeja tal prémio.