22.5.07

Cidades e automóveis

Quando se fala de cidades, automóveis, trânsito, o wishfull thinking varia na razão inversa da coerência. As elites dirigentes - e as outras, sejam lá quais forem - são pródigas na diabolização do automóvel e na sacralização do transporte público. Mas ainda não vi ninguém propor portagens pela circulação motorizada nas cidades e são raríssimos os indefectíveis defensores dos transportes públicos que os utilizem. Na verdade, ninguém quer abdicar do confortinho do automóvel e da autonomia e independência que ele propicia, uma das grandes conquistas da revolução industrial. Culpados são todos os outros, essa cambada de inconscientes, egoístas, inimigos do ambiente e do desenvolvimento sustentável que, com os seus carrinhos, poluem os centros urbanos e nos impedem uma circulação fluida nas avenidas citadinas.

Como na prática ninguém discute e está disposto a mexer no essencial - a revogação da lei do arrendamento, por exemplo - aliviam-se as consciências concedendo fartos aplausos a intervenções como as de Paulo Varela Gomes ontem no P & C, de cariz claramente intervencionista e restritivo às liberdades individuais.